O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou nesta segunda-feira (10) que foi intimado pela Polícia Federal devido a críticas feitas ao delegado Fabio Alvarez Shor, responsável por investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, políticos e militantes de direita. O parlamentar compartilhou a informação por meio de sua conta na rede social X, antigo Twitter, onde expressou indignação com a convocação.
Segundo Eduardo Bolsonaro, a intimação está relacionada a um discurso feito na tribuna da Câmara dos Deputados, no qual ele criticou duramente a atuação do delegado. Na publicação, o deputado destacou a coincidência da intimação ocorrer na mesma semana em que a Organização dos Estados Americanos (OEA) visita o Brasil para discutir violações à liberdade de expressão. Ele classificou o episódio como um atentado à sua liberdade parlamentar e sugeriu que há perseguição política por trás da medida.
O parlamentar afirmou que sua fala na Câmara se deu no exercício de suas funções e dentro dos limites do direito à manifestação. Em seu discurso, Eduardo Bolsonaro teria questionado a imparcialidade do delegado, alegando que ele segue ordens do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O deputado argumenta que sua postura crítica é um reflexo das preocupações da base conservadora sobre os rumos das investigações que envolvem aliados do ex-presidente.
A intimação gerou reações imediatas entre apoiadores de Eduardo Bolsonaro, que interpretam o caso como uma tentativa de cerceamento da liberdade de expressão. Parlamentares da oposição também se manifestaram, alegando que a medida da Polícia Federal representa um uso indevido da instituição para pressionar adversários políticos.
Por outro lado, juristas e especialistas avaliam que há limites para a imunidade parlamentar, e discursos feitos dentro da Câmara podem, sim, ser questionados judicialmente caso ultrapassem os princípios constitucionais. O direito à crítica é garantido, mas ataques diretos a agentes públicos, se considerados difamatórios ou caluniosos, podem motivar ações legais.
A Polícia Federal ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso, e detalhes sobre o conteúdo da intimação não foram divulgados. No entanto, o episódio reforça o acirramento das tensões políticas no país e levanta debates sobre o equilíbrio entre liberdade de expressão e responsabilidade no discurso político.
Aliados de Eduardo Bolsonaro afirmam que ele comparecerá à PF para prestar esclarecimentos, mas seguirá denunciando o que considera abusos cometidos contra políticos e apoiadores do ex-presidente. Nos bastidores, especula-se que o caso possa se tornar mais um capítulo da disputa entre setores do Judiciário e a ala conservadora da política brasileira.
Enquanto isso, o Brasil continua no centro das discussões sobre o limite da liberdade de expressão, especialmente no campo político. O episódio envolvendo Eduardo Bolsonaro se soma a outros casos recentes em que parlamentares e figuras públicas enfrentam investigações por suas declarações. O desfecho da intimação pode ter desdobramentos relevantes para o debate sobre a relação entre os poderes e o espaço da crítica política no país.