Peças do Passado, Reflexos do Presente
A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de classificar organizações do narcotráfico como grupos terroristas não é apenas um movimento isolado, mas a culminação de décadas de entrelaçamentos políticos e criminais que atravessam fronteiras e governos. Para muitos analistas, essa medida não só reforça a política de guerra às drogas como também expõe ligações profundas entre o crime organizado e setores políticos de esquerda na América Latina.
Esse enredo tem suas raízes na década de 1970, quando o Brasil viu nascer, nos presídios, a semente do que mais tarde se tornaria o crime organizado moderno. Presos políticos treinados por grupos revolucionários estrangeiros, como a KGB e movimentos inspirados por figuras como Carlos Marighella e Carlos Lamarca, foram misturados com criminosos comuns. Dessa convivência forçada, surgiu uma troca de conhecimentos que transformaria pequenos delinquentes em líderes de redes criminosas internacionais.
Guerrilhas, Narcotráfico e a Fusão Irreversível
O narcotráfico na América Latina nunca foi apenas uma questão de crime comum. A conexão entre guerrilhas e tráfico de drogas sempre esteve presente, mas tornou-se mais evidente com o fortalecimento das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que passaram a utilizar o tráfico como principal fonte de financiamento. O mesmo fenômeno ocorreu no Brasil, onde facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) desenvolveram laços estreitos com essas guerrilhas, criando uma rede criminosa interligada por interesses comuns.
Além dessas alianças, uma série de ONGs operando em solo latino-americano recebe financiamento externo e mantém relações nebulosas com esses grupos. Muitas delas trabalham sob o pretexto de defender direitos humanos e causas sociais, mas acabam servindo de suporte logístico para o crime organizado. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um exemplo frequentemente citado nesse contexto, devido às suas relações pouco transparentes com essas redes.
A Rota do Tráfico e a Revolução Silenciosa
A expansão do narcotráfico na América Latina ganhou novos contornos nos anos 1990, quando Fidel Castro convenceu Hugo Chávez a abrir uma nova rota para escoar drogas para os Estados Unidos. Assim nasceu o chamado Cartel de los Soles, comandado diretamente por figuras do alto escalão do governo venezuelano, como Nicolás Maduro e Diosdado Cabello.
A estratégia era simples: financiar a revolução socialista através do tráfico de drogas e, ao mesmo tempo, enfraquecer os EUA internamente, espalhando o vício e o crime. Segundo relatos históricos, Chávez inicialmente resistiu à ideia, pois temia manchar sua imagem associando-se ao crime organizado. No entanto, Fidel o convenceu de que o tráfico era apenas um “meio necessário” para alcançar um fim maior: a consolidação da revolução bolivariana.
Desde então, essa rede criminosa se fortaleceu, envolvendo países como Colômbia, Bolívia, Venezuela e Cuba, e utilizando o Brasil como um dos principais pontos de trânsito para as drogas enviadas ao mercado internacional.
O Brasil na Encruzilhada: Entre a Lei e o Caos
Os reflexos dessa aliança entre narcotráfico e movimentos políticos podem ser vistos nas políticas recentes do governo brasileiro. Medidas como a descriminalização das drogas pelo STF, as restrições à ação da polícia em comunidades dominadas pelo crime e o afrouxamento das leis penais são interpretadas por alguns como sinais de um pacto não declarado entre o poder público e o crime organizado.
O episódio do CPX (Complexo do Alemão), que ganhou destaque na última campanha presidencial, é um exemplo disso. Durante um evento político, um candidato recebeu apoio explícito de grupos que atuam no tráfico de drogas, um fato que escancarou ainda mais as conexões entre crime e política no país.
Enquanto isso, nos bastidores da diplomacia, cresce a tensão entre os EUA e o governo brasileiro, que, sob Lula, parece estar cada vez mais alinhado a regimes autoritários da América Latina. A decisão de Trump de tratar as organizações criminosas como terroristas sinaliza um endurecimento da postura americana e pode impactar diretamente o Brasil, que mantém relações próximas com países como Venezuela e Bolívia, considerados epicentros do narcotráfico internacional.
O Futuro: Um Abismo ou um Choque de Realidade?
O Brasil se encontra em uma encruzilhada histórica. De um lado, há um caminho que leva ao endurecimento contra o crime, à retomada da segurança pública e ao alinhamento com políticas internacionais mais rigorosas contra o narcotráfico. De outro, há a possibilidade de um processo de venezuelização, onde o crime se torna tão entrelaçado com o governo que qualquer tentativa de combatê-lo se torna inviável.
A grande questão é: o Brasil conseguirá resistir à infiltração do crime organizado em suas estruturas de poder, ou será atropelado pelo peso de décadas de alianças obscuras entre política e narcotráfico?
O quebra-cabeça está quase completo. Agora, resta saber qual será a imagem final que emergirá quando todas as peças forem colocadas no lugar.