Milei está prestes a conquistar com Trump o que apenas Bolsonaro poderia trazer ao Brasil

Gustavo Mendex



Movimentos nos Bastidores


Em uma declaração inesperada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou estar avaliando a possibilidade de firmar um tratado de livre comércio com a Argentina. A revelação pegou analistas de surpresa, reacendendo debates sobre o futuro das relações comerciais entre a maior economia do mundo e um país sul-americano que tenta se reerguer de uma profunda crise.


Os comentários de Trump vieram acompanhados de elogios ao presidente argentino Javier Milei, a quem chamou de "grande líder" e alguém que está "fazendo um excelente trabalho" à frente do país. A proximidade entre os dois líderes vem se fortalecendo nos últimos meses, alimentando especulações sobre uma aliança econômica inédita.


Mas o que há por trás desse possível acordo? O que pode mudar no cenário internacional caso essa parceria se concretize? E, mais importante: quais serão as consequências para outros países da região, especialmente o Brasil?


Um Novo Caminho para a Argentina?


Se concretizado, o tratado de livre comércio entre Argentina e Estados Unidos traria impactos profundos. A eliminação de barreiras tarifárias, impostos e taxas facilitaria a entrada de produtos argentinos no mercado americano e vice-versa, gerando oportunidades para exportadores e incentivando o fluxo de investimentos entre os dois países.


Para a Argentina, que há anos enfrenta dificuldades econômicas, esse acordo pode representar uma reviravolta. Com inflação altíssima e dificuldades para atrair capital estrangeiro, Milei tem buscado medidas agressivas para estabilizar a economia, incluindo a dolarização e cortes severos nos gastos públicos. Um pacto com os Estados Unidos daria fôlego à sua estratégia liberal, atraindo investidores e abrindo portas para setores-chave, como agricultura e tecnologia.


No entanto, há desafios consideráveis. Os críticos apontam que uma abertura comercial ampla pode prejudicar a indústria local, incapaz de competir com a produtividade americana. Além disso, há dúvidas sobre o impacto que esse movimento pode ter sobre os acordos que a Argentina mantém com o Mercosul.


O México e o Canadá Sob Pressão


Enquanto abre as portas para a Argentina, Trump adotou uma postura mais dura com dois de seus vizinhos mais próximos. Ele confirmou que imporá tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá, o que pode estremecer o equilíbrio comercial dentro da América do Norte.


As medidas vêm no momento em que os Estados Unidos tentam reverter déficits comerciais e garantir que a produção industrial permaneça dentro de suas fronteiras. Ao taxar produtos desses países, Trump busca pressioná-los a renegociar termos mais favoráveis para a economia americana.


O impacto para o México pode ser significativo, já que boa parte de sua economia depende da exportação de manufaturados para os Estados Unidos. No Canadá, o setor automotivo e de commodities pode sofrer com as novas barreiras. Ambos os países já sinalizaram que buscarão formas de responder à decisão.


O Brasil: Alerta Vermelho?


Diferentemente da Argentina, o Brasil terá um tratamento semelhante ao de México e Canadá, o que significa que também pode enfrentar barreiras comerciais. Isso coloca a economia brasileira em uma posição delicada, especialmente considerando sua forte dependência de exportações para os Estados Unidos em setores como agronegócio, aço e petróleo.


Embora ainda não tenha sido detalhado o tipo de sanções que o Brasil enfrentará, a sinalização de Trump levanta preocupações. O país sul-americano tem investido na diversificação de suas parcerias comerciais, incluindo acordos com a China e a União Europeia, mas um aperto por parte dos Estados Unidos pode afetar setores estratégicos.


O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre a questão, mas analistas acreditam que haverá pressões para uma resposta diplomática ou uma tentativa de negociação para minimizar os impactos.


E 2026? O Que Está em Jogo?


A grande incógnita sobre esses movimentos é o futuro político dos Estados Unidos. Trump está buscando um segundo mandato nas eleições de 2024, e caso seja reeleito, poderá consolidar essa guinada comercial, redefinindo alianças e aplicando uma estratégia ainda mais protecionista.


No entanto, se um novo presidente assumir a Casa Branca em 2025, as políticas comerciais podem ser revistas, trazendo incertezas sobre o destino desses acordos. Por isso, muitos economistas acreditam que os próximos meses serão cruciais para definir o caminho da economia global.


Com Milei e Trump alinhados, o xadrez comercial da América está se movimentando silenciosamente. Se o tratado de livre comércio entre Argentina e Estados Unidos sair do papel, o continente pode presenciar uma nova era econômica, repleta de oportunidades, mas também de desafios e reações inesperadas.

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