Rastros Digitais: O Pedido Urgente da Polícia Federal
A Polícia Federal (PF) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ordene às gigantes da tecnologia Meta e X a fornecerem informações detalhadas sobre a criação e as postagens de contas supostamente utilizadas pelo jornalista Allan dos Santos. O pedido inclui o acesso ao histórico de publicações feitas no Instagram e no X entre junho de 2024 e fevereiro deste ano, período em que o jornalista já estava proibido de manter perfis ativos nas plataformas.
A solicitação se insere em um inquérito que investiga a disseminação de informações falsas por Allan dos Santos, incluindo ataques a uma jornalista militante. Agora, a PF busca desvendar se o comunicador tem utilizado novas contas para continuar sua atividade nas redes sociais, descumprindo decisão judicial.
A Sombra de Moraes: Decisão à Vista
O pedido da PF já está sob análise no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, figura central em investigações sobre disseminação de desinformação e ataques à democracia. Caso acate a solicitação, Moraes poderá obrigar as empresas a entregarem registros detalhados, revelando se Allan dos Santos realmente criou novos perfis e quem estaria por trás da administração dessas contas.
A decisão pode marcar um novo capítulo na batalha entre o judiciário brasileiro e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Allan dos Santos, exilado nos Estados Unidos, já é alvo de outras investigações, incluindo suspeitas de participação em uma campanha para expor e atacar autoridades envolvidas em casos contra Bolsonaro e seus aliados.
Perfis Fantasmas: Quem Está Por Trás das Contas?
Embora as contas investigadas atualmente estejam desativadas, a PF quer entender como elas foram criadas e operadas. A suspeita é que aliados do jornalista tenham ajudado a manter suas vozes ativas nas redes sociais, burlando as restrições impostas pelo STF.
Esse não é o primeiro embate entre Allan dos Santos e Alexandre de Moraes. No ano passado, o ministro determinou novamente a prisão do jornalista, mas, até o momento, as autoridades americanas não demonstraram interesse em cumprir o pedido de extradição. Uma das principais razões é que as postagens feitas por Allan dos Santos nos Estados Unidos não são consideradas crimes segundo a legislação local.
O Tabuleiro Americano: Empresas de Tecnologia e Política
O cenário político americano também influencia diretamente essa disputa. Recentemente, Elon Musk, proprietário do X, assumiu um cargo no governo de Donald Trump, enquanto Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou o fim da política de checagem de fatos nos Estados Unidos. Essas movimentações foram interpretadas como sinais de um possível alinhamento das gigantes tecnológicas com o governo americano, o que pode dificultar ainda mais a cooperação entre as empresas e a justiça brasileira.
Caso Moraes aprove a solicitação da PF, Meta e X terão de decidir entre acatar a ordem judicial brasileira ou desafiar o STF, o que poderia acirrar o embate entre os poderes e as plataformas digitais.
O Futuro da Investigação: O Que Vem a Seguir?
Com a decisão ainda pendente, o futuro da investigação contra Allan dos Santos permanece incerto. Caso as empresas entreguem os dados solicitados, a PF poderá aprofundar a identificação de possíveis cúmplices e fortalecer as provas contra o jornalista. Por outro lado, se as informações forem negadas ou incompletas, o inquérito pode enfrentar novos desafios, reacendendo o debate sobre os limites da atuação do STF sobre empresas estrangeiras.
O desfecho desse caso pode não apenas impactar o destino de Allan dos Santos, mas também estabelecer um novo precedente na relação entre a justiça brasileira e as big techs, especialmente em tempos de crescente tensão entre política, redes sociais e desinformação.