O debate sobre a inelegibilidade de políticos voltou a ganhar força na Câmara dos Deputados com a proposta do parlamentar Bibo Nunes. O deputado apresentou um projeto que reduz de oito para dois anos o período de inelegibilidade imposto pela Lei da Ficha Limpa. A medida já encontra apoio entre diversos parlamentares, incluindo o novo presidente da Câmara, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, que manifestou a opinião de que oito anos é um prazo muito longo.
Nunes revelou que pretende conversar com Motta na próxima semana para avançar com a proposta. Segundo ele, a adesão ao projeto tem sido significativa, com 73 deputados assinando em poucas horas após a protocolação da iniciativa. A expectativa do parlamentar é que a proposta avance rapidamente e receba amplo apoio dentro do Congresso.
A questão da inelegibilidade voltou ao centro do debate após o Tribunal Superior Eleitoral declarar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível em junho de 2023. A decisão ocorreu por cinco votos a dois, sob a acusação de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O tribunal entendeu que Bolsonaro cometeu irregularidades ao questionar, sem apresentar provas, a segurança das urnas eletrônicas durante uma reunião com embaixadores em 2022. O episódio foi considerado grave o suficiente para justificar a sanção de oito anos sem poder concorrer a cargos públicos.
Para os defensores da proposta de redução do prazo, o atual período de inelegibilidade é desproporcional e impede que lideranças políticas possam retornar ao cenário eleitoral de forma mais ágil. Já os críticos argumentam que a medida pode enfraquecer a Lei da Ficha Limpa, permitindo que políticos condenados por crimes eleitorais e corrupção voltem a disputar eleições em um curto intervalo de tempo. O projeto também levanta questionamentos sobre a possibilidade de beneficiar diretamente Bolsonaro, reabrindo a possibilidade de sua candidatura para as eleições de 2026.
O tema tem sido amplamente discutido nos bastidores políticos, com diferentes correntes ideológicas manifestando suas opiniões. Enquanto aliados do ex-presidente veem a proposta como uma forma de corrigir o que consideram um excesso na punição, opositores acreditam que a redução do período de inelegibilidade enfraquece os mecanismos de combate a práticas ilícitas na política.
Além do impacto direto na elegibilidade de Bolsonaro, a possível mudança na lei também poderia afetar outros políticos que foram punidos nos últimos anos. Diversos parlamentares já demonstraram interesse na proposta, tornando a discussão ainda mais acirrada.
Nos bastidores, a movimentação para a aprovação da medida cresce. Hugo Motta, ao indicar que considera o prazo de oito anos muito longo, pode ser um fator decisivo para que a proposta ganhe força dentro da Câmara. Sua posição como presidente da Casa pode facilitar a tramitação do projeto, aumentando as chances de que ele seja votado ainda neste ano.
A possível alteração na Lei da Ficha Limpa também pode gerar impactos jurídicos e institucionais, uma vez que a legislação atual foi criada justamente para impedir que políticos com histórico de irregularidades retornem rapidamente ao cenário eleitoral. Desde sua criação, a lei foi considerada um avanço no combate à corrupção e na moralização da política brasileira. No entanto, com a nova proposta, há o risco de um retrocesso, segundo especialistas da área jurídica.
O cenário político brasileiro segue polarizado e qualquer mudança na legislação eleitoral tende a gerar debates intensos dentro e fora do Congresso. Para o governo, a proposta pode representar um desafio, já que pode reacender a popularidade de Bolsonaro caso ele volte a ser elegível antes do previsto. O impacto nas eleições municipais de 2024 e nas gerais de 2026 também é uma preocupação para os partidos que disputam o protagonismo político no país.
Enquanto isso, a sociedade civil acompanha atentamente os desdobramentos dessa discussão. Movimentos de combate à corrupção e organizações que defendem a transparência na política já começaram a se manifestar sobre o tema, ressaltando a importância de manter a integridade da Lei da Ficha Limpa. Por outro lado, apoiadores da mudança argumentam que a legislação atual precisa ser revista para garantir mais equilíbrio nas punições aplicadas a políticos.
A proposta de Bibo Nunes ainda precisa passar pelas comissões da Câmara antes de ser levada ao plenário para votação. A depender da pressão política e do apoio dentro da Casa, a tramitação pode ser acelerada. Nos próximos meses, a discussão sobre o prazo de inelegibilidade promete se intensificar e pode se tornar um dos principais temas do cenário político nacional.
Com o apoio de parlamentares e o aval do presidente da Câmara, o projeto tem boas chances de avançar. No entanto, a oposição e setores da sociedade ainda devem travar um embate sobre os riscos e benefícios dessa alteração. A decisão final poderá impactar diretamente o futuro das próximas eleições e redefinir o rumo da política brasileira.