Trump se une novamente ao Rumble em nova ação contra Moraes nos EUA

Gustavo Mendex


 

Truth Social e Rumble Processam Ministro do STF, Alexandre de Moraes, nos EUA

A rede social Truth Social, fundada pelo ex-presidente Donald Trump, e a plataforma de vídeos Rumble entraram com um pedido de liminar na Justiça dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, Alexandre de Moraes. As empresas alegam que as ordens emitidas por Moraes violam a soberania dos Estados Unidos e desrespeitam a Constituição e as leis americanas. O pedido de liminar também menciona ameaças do ministro de processar criminalmente o CEO do Rumble, Chris Pavlovski.

Pedido de Liminar e Contestação das Ordens de Moraes

O pedido de liminar foi feito em resposta a uma série de decisões judiciais que atingiram as duas plataformas, especialmente o Rumble. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, ordenou a suspensão do Rumble no Brasil por tempo indeterminado em 21 de fevereiro de 2024, após a plataforma não cumprir as exigências judiciais e não pagar as multas impostas pelo STF. A decisão ocorre após um histórico de discordâncias entre a plataforma e a Justiça brasileira, o que levou à suspensa da operação do Rumble no Brasil em dezembro de 2023.

O pedido das empresas contra Moraes afirma que as ordens judiciais emitidas pelo ministro extrapolam a jurisdição brasileira e violam a soberania dos Estados Unidos. A Truth Social e o Rumble sustentam que o Brasil não tem autoridade para impor regulamentos ou multas às empresas baseadas nos Estados Unidos, alegando que essas ações são contrárias à legislação e à Constituição dos EUA.

Suspensão do Rumble no Brasil e Reações do STF

A suspensão do Rumble no Brasil foi determinada por Moraes após a plataforma não atender a várias exigências judiciais, incluindo o pagamento de multas estipuladas pelo STF. Além disso, o ministro já havia ordenado que a plataforma designasse um representante legal no país, uma medida aplicada a todas as empresas estrangeiras que atuam no Brasil.

Alexandre de Moraes afirmou que o Rumble descumpriu repetidamente as ordens judiciais e tentou evitar a aplicação das leis brasileiras. O ministro também criticou Chris Pavlovski, CEO da plataforma, afirmando que ele "confunde liberdade de expressão com uma inexistente liberdade de agressão". Moraes também acusou Pavlovski de equiparar a censura com a proibição de discurso de ódio e incitação a atos antidemocráticos.

Bloqueio de Canal e Implicações para Allan dos Santos

Em suas ordens, o ministro também determinou o bloqueio do canal do jornalista Allan dos Santos no Rumble. A decisão incluiu a interrupção dos repasses financeiros ao influenciador e o impedimento de criação de novos perfis do jornalista na plataforma. A medida faz parte de um conjunto de ações que o STF tomou contra Allan dos Santos, que teve sua prisão preventiva decretada em 2021 e continua foragido. Além do Rumble, outras grandes redes sociais, como YouTube, Facebook, Twitter e Instagram, seguiram as ordens do STF e também bloquearam as contas de Allan dos Santos.

Rumble Retorna ao Brasil em Fevereiro de 2024

O Rumble havia sido retirado do ar no Brasil em dezembro de 2023 devido ao descumprimento das exigências da Justiça brasileira, mas a plataforma voltou a operar em fevereiro de 2024. Com o novo pedido judicial contra Alexandre de Moraes, o Rumble, em parceria com a Truth Social, busca reverter as ações judiciais que, segundo eles, ultrapassam os limites da jurisdição do Brasil e impactam a operação de empresas americanas.

Conflito de Jurisdição e Direitos das Empresas Americanas

O principal ponto de contestação das plataformas é a alegação de que o STF e, em particular, o ministro Alexandre de Moraes, ultrapassaram sua autoridade ao tentar impor regulamentos a empresas que não estão sob a jurisdição brasileira. Truth Social e Rumble argumentam que suas atividades nos Estados Unidos estão protegidas pela Constituição americana e que qualquer decisão tomada por um tribunal estrangeiro que interfira nas operações dessas empresas nos EUA é ilegal.

A contestação também questiona a validade das decisões de Moraes sobre plataformas que operam em território internacional, considerando que as leis brasileiras não têm aplicabilidade sobre empresas estrangeiras que não possuem filiais ou representantes no Brasil. A ação judicial tenta estabelecer que as plataformas sejam isentas de cumprir as ordens do STF, buscando proteção aos direitos da liberdade de expressão garantidos pela Constituição dos EUA.

Impasse no Brasil e Tensões Entre Governos

Esse impasse entre as empresas e o ministro do STF ocorre em meio a um crescente atrito entre o governo brasileiro e empresas de tecnologia que atuam no país. Nos últimos anos, o governo brasileiro tem intensificado sua fiscalização sobre plataformas digitais, especialmente aquelas que operam sem representação legal no Brasil e que se recusam a cumprir ordens judiciais relacionadas à moderação de conteúdo. A decisão de Moraes é vista por muitos como parte de um esforço para garantir que as plataformas digitais sigam as leis brasileiras, especialmente no que se refere à disseminação de fake news e à proteção da democracia.

Por outro lado, as empresas de tecnologia, como o Rumble e a Truth Social, defendem que a imposição de leis brasileiras a plataformas que operam globalmente pode resultar em um precedente perigoso, onde países com regimes autoritários poderiam impor restrições às empresas com base em sua própria legislação. A disputa também levanta questões sobre os limites da soberania nacional na era digital e o papel que os governos devem desempenhar na regulação de plataformas de mídia social que operam além de suas fronteiras.

Ameaça de Processo Criminal ao CEO do Rumble

Outro ponto de tensão é a ameaça de processo criminal contra o CEO do Rumble, Chris Pavlovski. O ministro Alexandre de Moraes foi enfático ao afirmar que, caso as ordens não fossem cumpridas, ele tomaria medidas legais, inclusive contra o CEO da plataforma. Essa ameaça foi um dos principais motivos para que as empresas, junto com a Truth Social, entrassem com o pedido de liminar nos Estados Unidos, buscando uma proteção jurídica contra o que consideram uma violação da soberania americana.

O Futuro da Regulação de Plataformas Digitais

O caso também traz à tona um debate mais amplo sobre a regulação de plataformas digitais e como os governos devem lidar com a crescente influência dessas empresas. As tensões entre a Justiça brasileira e empresas de tecnologia refletem o desafio global de equilibrar a liberdade de expressão com a necessidade de combater desinformação e discursos de ódio nas redes sociais.

Enquanto as plataformas tentam proteger seus direitos sob a legislação americana, o Brasil continua sua busca por maior controle sobre as empresas que operam em seu território. O resultado deste processo judicial pode ter implicações significativas para o futuro das relações entre empresas de tecnologia e governos em todo o mundo, além de determinar até onde a jurisdição de um país pode se estender sobre plataformas digitais globais.

Conclusão

O confronto entre Truth Social, Rumble e o ministro Alexandre de Moraes é um reflexo das crescentes tensões entre a regulação das plataformas digitais e a proteção dos direitos constitucionais. Com as empresas americanas contestando as ordens judiciais brasileiras, o caso se torna um marco importante para o entendimento de como as leis nacionais e internacionais interagem no contexto digital. O desfecho desse processo pode estabelecer um precedente para futuros conflitos sobre a jurisdição e regulação das grandes plataformas digitais, tanto no Brasil quanto no resto do mundo.

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