Nos bastidores da política brasileira, uma articulação crucial vem ganhando força, envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PSD, Gilberto Kassab. O encontro entre os dois ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, pouco antes do velório da bispa Keila Ferreira, e teve como pauta principal a busca de apoio para a aprovação do projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A conversa reservada revelou um alinhamento estratégico que pode ter impactos significativos na cena política nacional.
Bolsonaro, ciente da importância de angariar apoio para a anistia, vê no PSD um aliado fundamental para essa empreitada. O partido, que tem ampliado sua influência nos últimos anos e conquistado uma base sólida entre prefeitos e parlamentares, pode ser um fator decisivo para a aprovação da medida. Kassab, por sua vez, se mostrou receptivo ao pedido do ex-presidente, mas deixou claro que seu apoio estaria condicionado a um acordo que favoreça seu próprio projeto político.
O presidente do PSD tem um plano ambicioso para os próximos anos. Seu principal objetivo é garantir sua candidatura a vice-governador de São Paulo na chapa de reeleição de Tarcísio de Freitas em 2026. Se essa estratégia for bem-sucedida, ele estaria bem posicionado para assumir o governo paulista em 2030, caso Tarcísio dispute a Presidência da República. Esse cenário colocaria Kassab em uma posição privilegiada para se consolidar como uma das principais lideranças políticas do país.
Para que essa articulação avance, um obstáculo ainda precisa ser superado: a resistência de Bolsonaro ao nome de Kassab. O histórico entre os dois é marcado por desconfianças e atritos, especialmente após a CPI da Covid e a participação do PSD no governo Lula. Bolsonaro nunca escondeu sua aversão ao pragmatismo político de Kassab, que sempre soube transitar entre diferentes governos e partidos conforme seus interesses estratégicos. No entanto, o peso do PSD no Congresso e sua influência no Centrão tornam esse apoio um trunfo valioso para a aprovação da anistia.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem desempenhado o papel de mediador nessa negociação. Seu bom relacionamento com Bolsonaro e Kassab o coloca como peça-chave para viabilizar um entendimento entre os dois. Tarcísio compreende que ter Kassab como vice pode garantir uma base política mais ampla para sua eventual candidatura presidencial, ao mesmo tempo em que fortalece sua governabilidade em um possível segundo mandato à frente do estado mais rico do país.
O PSD tem se consolidado como um partido de grande expressão nacional, com um crescimento considerável nas últimas eleições municipais. Atualmente, é a legenda com o maior número de prefeitos eleitos no Brasil, o que reflete sua capilaridade e capacidade de articulação. Essa força política pode ser decisiva na costura de apoios necessários para que a anistia avance no Congresso, principalmente no Senado, onde o PSD mantém uma bancada expressiva e com forte influência sobre outras legendas do Centrão.
A questão da anistia tem sido um dos temas mais sensíveis no cenário político recente. Desde os eventos de 8 de janeiro de 2023, aliados de Bolsonaro têm trabalhado para reverter as condenações de manifestantes presos, alegando que houve excessos nas punições impostas pelo Supremo Tribunal Federal. A base bolsonarista no Congresso tem pressionado para que uma solução seja encontrada, mas enfrenta resistência de setores do governo Lula e de parte da opinião pública.
Se a negociação entre Bolsonaro e Kassab avançar, o projeto de anistia pode ganhar um novo fôlego e se tornar uma pauta prioritária no Legislativo. O apoio do PSD abriria portas para um alinhamento mais
