Globo registra pior audiência da história em janeiro e crise se agrava na emissora

Gustavo Mendex


 O início de 2025 tem sido desafiador para a Rede Globo, que enfrenta uma das piores crises de audiência de sua história. No mês de janeiro, a emissora registrou a menor média já vista, ficando abaixo dos dois dígitos no Ibope, mesmo com a exibição do Big Brother Brasil, programa que tradicionalmente impulsiona os números da televisão aberta no início do ano. Segundo dados consolidados, a Globo alcançou apenas 9,77 pontos de audiência média, uma queda de 0,13 ponto em relação a dezembro, quando já havia ficado abaixo da marca dos 10 pontos.


Esse desempenho reflete uma tendência de declínio que a emissora vem enfrentando nos últimos anos, marcada pela fuga do público e pelo fortalecimento da concorrência. A Record foi a única emissora de TV aberta a apresentar crescimento na audiência no mesmo período, saltando de 3,6 para 3,71 pontos. Enquanto isso, o SBT seguiu em trajetória de queda, reduzindo sua média de 3,0 para 2,76 pontos. Já Band e RedeTV! mantiveram seus índices estáveis, com 1,13 e 0,23 ponto, respectivamente.

Especialistas apontam que a atual edição do Big Brother Brasil tem sido um dos principais fatores para o fraco desempenho da Globo. O reality, que em anos anteriores era um fenômeno de popularidade, tem encontrado dificuldades para conquistar o público. As críticas se acumulam nas redes sociais, com espectadores reclamando da falta de dinamismo, dos participantes pouco carismáticos e de uma edição que não tem gerado o mesmo engajamento de outras temporadas.

Além disso, a Globo enfrenta desafios em outros segmentos de sua programação. O jornalismo da emissora tem sido alvo de críticas constantes, com uma parcela do público acusando-a de parcialidade e viés político. Essa percepção tem contribuído para a perda de audiência em horários nobres, impactando diretamente a rentabilidade da empresa. Em um cenário onde a internet e os serviços de streaming se consolidam como principais fontes de entretenimento, a televisão aberta precisa se reinventar para manter sua relevância.

A crise da Globo não é recente, mas os números atuais escancaram a gravidade da situação. Nos últimos anos, a emissora tem tentado diversificar suas estratégias para recuperar o público, apostando em novos formatos e reforçando sua presença digital. No entanto, os resultados ainda estão aquém do esperado. O GloboPlay, plataforma de streaming do grupo, tem crescido, mas ainda não consegue compensar as perdas no modelo tradicional de televisão aberta.

O cenário se torna ainda mais complicado diante da concorrência cada vez mais acirrada. Além das emissoras tradicionais como Record e SBT, que buscam atrair o público da Globo, serviços como Netflix, Amazon Prime Video e YouTube têm se consolidado como alternativas para os telespectadores. Muitos preferem assistir a conteúdos sob demanda, sem depender da programação fixa da televisão.

A emissora, por sua vez, tem adotado medidas para tentar reverter essa queda. Internamente, diretores e executivos buscam reformular a grade de programação, investindo em novos formatos de entretenimento e apostando em um jornalismo mais dinâmico. Entretanto, o desafio é grande, e os números de janeiro indicam que a recuperação será um processo longo e complexo.

O impacto financeiro dessa crise também não pode ser ignorado. A redução na audiência afeta diretamente o faturamento publicitário da Globo, que historicamente se sustentou como a principal emissora do país graças a contratos milionários com anunciantes. Com menos pessoas assistindo à TV aberta, as marcas têm buscado outras plataformas para investir, reduzindo a receita da emissora e forçando cortes de custos.

Enquanto a Globo tenta encontrar um caminho para sair dessa fase difícil, a concorrência segue avançando. A Record, que teve um leve crescimento na audiência, continua apostando em programas populares e em um jornalismo voltado para temas de grande repercussão. O SBT, mesmo com a queda nos números, ainda mantém uma base fiel de espectadores e busca renovar sua programação para atrair mais público.

Os próximos meses serão decisivos para a Globo. Se a tendência de queda continuar, a emissora poderá enfrentar desafios ainda maiores, comprometendo sua posição de liderança no mercado televisivo brasileiro. A busca por soluções eficazes será essencial para que o canal recupere parte do público perdido e consiga se adaptar a um cenário de mídia cada vez mais fragmentado e digitalizado.

Enquanto isso, os telespectadores continuam acompanhando essa disputa pela audiência, escolhendo cada vez mais onde e como consumir conteúdo. O futuro da televisão aberta depende da capacidade das emissoras de se reinventarem e oferecerem produtos que realmente atraiam e engajem o público em um mundo dominado pelo streaming e pela interatividade.
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