Delegado que investiga Bolsonaro, denunciado por deputados, é "premiado" pelo Governo Lula

Caio Tomahawk


A recente promoção do delegado Fabio Alvarez Shor ao cargo de chefe da Divisão de Investigações e Operações de Contrainteligência da Polícia Federal gerou grande repercussão no meio político. Shor, que liderou investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi nomeado oficialmente no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 6 de fevereiro. A decisão, vista por muitos como uma recompensa, ocorre em meio a fortes críticas de parlamentares da oposição, que questionam a isenção do delegado.


Shor esteve à frente de inquéritos considerados estratégicos pelo governo, incluindo as investigações sobre as chamadas milícias digitais e a suposta trama golpista que levou ao indiciamento do ex-presidente. Sua promoção significa que ele agora comandará toda a divisão de Contrainteligência da PF, um setor crucial para investigações de alta complexidade.

A oposição não demorou a reagir. O deputado federal Marcel van Hattem foi direto ao classificar o delegado como um "bandido", enquanto o senador Marcos do Val o chamou de "capataz de Alexandre de Moraes". Para os críticos, a promoção de Shor é um sinal claro de alinhamento entre o governo Lula e setores da Polícia Federal, o que, segundo eles, compromete a imparcialidade das investigações em curso.

O fato de Shor ter sido um dos quatro delegados responsáveis pelo relatório que resultou no indiciamento de Bolsonaro reforça a tese da oposição de que há uma perseguição política em andamento. Deputados bolsonaristas argumentam que o delegado foi "premiado" por seu trabalho contra o ex-presidente e seus aliados, o que coloca em dúvida a neutralidade da PF sob a atual gestão.

A movimentação dentro da Polícia Federal não acontece isoladamente. Nos bastidores, há a percepção de que o governo Lula busca consolidar uma estrutura de investigação que possa ser utilizada para minar opositores. A promoção de Shor é vista como um passo nesse sentido, especialmente diante do histórico de decisões controversas do ministro Alexandre de Moraes, frequentemente apontado como o principal arquiteto das ações contra Bolsonaro e seus apoiadores.

A nomeação também levanta questões sobre a independência da Polícia Federal, que, em tese, deveria atuar sem interferências políticas. Para os aliados do ex-presidente, a ascensão de Shor reforça a impressão de que a instituição tem sido instrumentalizada para atender a interesses do governo. A oposição promete levar o caso ao Congresso e questionar a decisão em diversas frentes, argumentando que a escolha de Shor para um cargo de maior relevância compromete a credibilidade da PF.

Do outro lado, defensores da nomeação afirmam que Shor tem um histórico de competência e experiência em investigações de grande porte. Para o governo, sua promoção é um reconhecimento pelo trabalho realizado e não uma ação política. No entanto, o timing da decisão levanta suspeitas, especialmente diante do atual contexto de embates entre o governo e a oposição.

O caso de Shor é mais um capítulo da intensa disputa entre os aliados de Bolsonaro e o governo Lula, que tem adotado uma postura rígida em relação a opositores. A promoção do delegado ocorre em um momento sensível, com novas investigações contra o ex-presidente ganhando força e a resistência bolsonarista tentando se reorganizar para as eleições de 2026.

A oposição já articula medidas para tentar barrar futuras movimentações semelhantes dentro da Polícia Federal. Parlamentares bolsonaristas estudam maneiras de questionar a decisão e pressionar para que haja mais transparência nos critérios de nomeação dentro da corporação. O objetivo é evitar que outros delegados alinhados ao governo sejam elevados a postos estratégicos que possam influenciar investigações politicamente sensíveis.

Enquanto isso, a base governista minimiza as críticas e defende que a promoção de Shor segue os trâmites normais da Polícia Federal. Para eles, a indignação da oposição não passa de uma tentativa de desacreditar as investigações em curso e criar uma narrativa de perseguição política.

A reação de Jair Bolsonaro ainda não foi divulgada, mas espera-se que o ex-presidente se manifeste em breve. Ele tem criticado sistematicamente o que chama de "estado de exceção" promovido pelo STF e pela Polícia Federal. Seus aliados veem na promoção de Shor mais um indicativo de que o governo e o Judiciário trabalham em conjunto para desgastar sua imagem e inviabilizar sua candidatura em 2026.

A nomeação do delegado pode ser apenas um dos primeiros movimentos de um xadrez político que se desenha para os próximos meses. Com investigações em andamento e o cenário político cada vez mais polarizado, a disputa entre governo e oposição tende a se intensificar. O desfecho dessa batalha pode ter impactos diretos no futuro político do Brasil, especialmente no que diz respeito às eleições presidenciais.

Independentemente das justificativas do governo, a promoção de Shor será um tema central no debate político. Seus desdobramentos poderão definir o rumo das investigações e influenciar o cenário eleitoral dos próximos anos. A oposição promete continuar pressionando e denunciando o que considera uma tentativa de aparelhamento das instituições, enquanto o governo tentará consolidar sua narrativa de que as investigações são legítimas e necessárias. O embate está longe de terminar.

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