Os Correios enfrentam um cenário de crise financeira sem precedentes no terceiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Em janeiro de 2025, a estatal registrou um prejuízo de R$ 424 milhões, o maior da história para o mês. A empresa arrecadou R$ 1,4 bilhão no período, mas suas despesas ultrapassaram R$ 1,9 bilhão, resultando em um déficit expressivo. O resultado reflete uma tendência negativa que se instalou desde o início da atual gestão, liderada por Fabiano Silva dos Santos, indicado pelo grupo Prerrogativas, conhecido por sua proximidade com o governo petista. Desde sua nomeação, observou-se um aumento contínuo nos gastos da estatal, o que tem comprometido a saúde financeira da empresa.
A situação dos Correios tem gerado preocupação tanto no meio político quanto entre especialistas do setor. Dados da plataforma Deinm Explorer, do Departamento de Inteligência de Mercado, divulgados pelo Poder360, apontam que o prejuízo acumulado em 2024 foi de R$ 3,2 bilhões. Com o resultado negativo de janeiro deste ano, a tendência de perdas se mantém, indicando que a reversão desse quadro pode ser extremamente difícil.
Diante das cifras alarmantes, a estatal foi procurada para comentar a situação, mas declarou desconhecer os números, embora não tenha contestado sua veracidade. A empresa afirmou que divulgará os dados oficiais referentes a 2024 e ao primeiro trimestre de 2025 nos próximos meses. Em resposta às críticas, os Correios destacaram que uma das prioridades da atual administração tem sido a retomada dos investimentos em infraestrutura, segurança, renovação da frota e tecnologia. De acordo com a estatal, entre 2023 e 2024 foram investidos cerca de R$ 2 bilhões com recursos próprios e, para 2025, estão previstos novos projetos estratégicos voltados para modernização, inclusão social e expansão para novas áreas de atuação, como banco digital, marketplace, seguros e logística para o setor de saúde.
Apesar da justificativa da empresa, os números preocupam parlamentares e analistas do mercado. O deputado federal Zé Trovão já manifestou a intenção de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as causas do crescente déficit da estatal. Além disso, o déficit das estatais como um todo em 2024, estimado pelo Banco Central em R$ 8 bilhões, acendeu um alerta sobre a sustentabilidade das empresas públicas no atual governo.
Um dos pontos que chamam atenção é a postura do presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, que atribuiu parte do prejuízo à chamada “taxa das blusinhas”, sem, no entanto, explicar como a arrecadação caiu ao mesmo tempo em que os custos operacionais dispararam. Essa justificativa tem sido considerada frágil por economistas, que apontam para uma possível má gestão dos recursos e falta de controle sobre os gastos.
A crise financeira dos Correios também reflete em medidas impopulares. A empresa anunciou o fechamento de 38 unidades, decisão que gerou fortes críticas por parte dos sindicatos. Ainda assim, em meio às dificuldades financeiras, a estatal decidiu retomar investimentos em publicidade, o que levanta questionamentos sobre a real prioridade da atual administração.
Enquanto isso, o governo tenta minimizar os impactos da crise das estatais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que o déficit seja preocupante e classificou os números como parte de um processo de “investimento” para o futuro. No entanto, essa narrativa não convence parte do mercado e da oposição, que cobram maior transparência e eficiência na gestão dos Correios.
O cenário aponta para um futuro incerto para a estatal. Com prejuízos crescentes, medidas impopulares e falta de uma solução clara para equilibrar as contas, a empresa pode enfrentar ainda mais dificuldades nos próximos meses. Se o governo não tomar medidas concretas para reverter a crise, os Correios correm o risco de se tornar um dos principais símbolos do descontrole financeiro das estatais no atual mandato.