Completamente perdido, PT faz "dança das cadeiras" e vê Gleisi como tábua de salvação

Gustavo Mendex


 O Partido dos Trabalhadores se encontra em um momento de instabilidade e busca alternativas para manter sua influência no governo. Com uma série de mudanças previstas nos ministérios, a sigla vê em Gleisi Hoffmann uma possibilidade de reaproximação com a militância e os movimentos sociais, que têm se distanciado nos últimos anos. A presidente do PT está cotada para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, substituindo Márcio Macedo, em uma tentativa de fortalecer a base política do partido dentro do governo. No entanto, há rumores de que Janja e Fernando Haddad não veem essa mudança com bons olhos, o que pode gerar atritos internos.


Rodrigo Pacheco, atual presidente do Senado, pode ser recompensado pelo governo por não ter permitido o avanço de pedidos de impeachment contra Lula. Ele está cotado para assumir o Ministério da Indústria e Comércio, atualmente sob o comando do vice-presidente Geraldo Alckmin. O ex-governador de São Paulo, por sua vez, pode ser deslocado para o Ministério da Saúde, já que a atual ministra Nísia Trindade tem enfrentado forte pressão e chegou a se emocionar em reuniões diante das dificuldades no cargo. A possível troca de pastas seria uma jogada estratégica do governo para conter crises e melhorar a articulação política.

Outro nome que pode ser promovido dentro do governo é o da deputada Tabata Amaral, que se destacou na defesa da esquerda durante as eleições municipais em São Paulo. Ela pode ser nomeada para o Ministério da Ciência e Tecnologia, substituindo Luciana Santos, que, por sua vez, poderia ser remanejada para o Ministério das Mulheres, atualmente ocupado por Cida Gonçalves. Esta última, que tem sido alvo de denúncias de assédio moral contra servidores do seu ministério, não deve ser reaproveitada em outra função no governo.

As movimentações ministeriais não param por aí. Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, tem sido um dos principais articuladores do Congresso e defendeu interesses da bancada ruralista em diversas ocasiões. Por conta disso, ele foi indicado para o Ministério da Agricultura, substituindo Carlos Fávaro, cuja atuação tem sido criticada nos bastidores por não conseguir dialogar com produtores que se opõem ao governo. No entanto, há resistência dentro do PT à nomeação de Lira, o que pode dificultar sua efetivação no cargo.

Wellington Dias, atual ministro do Desenvolvimento Social, é outro que pode ser substituído. Recentemente, ele mencionou um possível aumento no valor do Bolsa Família, o que gerou mal-estar dentro do governo. Sua declaração levou Lula a pedir explicações, e Rui Costa, ministro da Casa Civil, precisou desmenti-lo publicamente. Essa situação colocou Dias em uma posição delicada, e sua saída do ministério pode ser questão de tempo. Ainda não há nomes concretos para assumir seu lugar, mas nos bastidores especula-se que o governo esteja buscando um substituto alinhado com as diretrizes do Planalto.

Essas mudanças evidenciam a fragilidade do PT dentro do governo e sua dependência do Centrão para manter a governabilidade. A sigla, que já teve amplo controle sobre as decisões do Executivo, hoje precisa negociar espaço para garantir sua permanência no poder. A presença de Gleisi Hoffmann em um cargo estratégico pode ser vista como a última tentativa do partido de reconquistar apoio da base petista e de fortalecer sua posição no cenário político.

O presidente Lula, que construiu sua trajetória pautada na defesa dos trabalhadores e das pautas sindicais, parece ter perdido conexão com as novas demandas da sociedade. O governo enfrenta dificuldades para lidar com temas como inflação, empreendedorismo e incentivos econômicos, e a falta de uma estratégia clara tem gerado insatisfação entre diferentes setores. A primeira-dama Janja também tem sido criticada por seu estilo de vida considerado luxuoso, o que contrasta com a realidade da população brasileira e prejudica a imagem do governo. Fernando Haddad, por sua vez, embora tenha sido uma aposta do presidente para a economia, ainda não conseguiu se firmar como um líder político de peso dentro da base governista.

O cenário para 2025 indica um PT cada vez mais pressionado e um governo que precisa lidar com a influência crescente do Centrão. Enquanto isso, a direita se reorganiza e busca ocupar posições-chave dentro do Congresso, ampliando sua influência no Legislativo. Com as eleições gerais se aproximando, a disputa pelo controle do cenário político se intensifica, e as movimentações ministeriais podem ser decisivas para o futuro do governo.
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