Em uma recente entrevista, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes e ao inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Sem medir palavras, Bolsonaro reafirmou sua posição e questionou a narrativa que tem sido construída contra ele.
Durante a conversa, Bolsonaro foi questionado sobre o inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal e respondeu de maneira direta e incisiva. “O golpe só tá na cabeça de um cara. Que golpe é esse que não teve tropa na rua?”, disparou o ex-presidente, sugerindo que a investigação carece de fundamentos concretos e tem motivação política.
Além de minimizar as acusações, Bolsonaro sugeriu que há um esforço para afastá-lo definitivamente da política. “Eles querem um motivo para me tirar de combate em definitivo”, afirmou, destacando que sua inelegibilidade é uma das principais estratégias utilizadas contra ele. No entanto, o ex-presidente demonstrou confiança de que a situação pode ser revertida. “A gente tem como reverter, por pressão popular, essa inelegibilidade”, acrescentou, indicando que ainda aposta no apoio de seus seguidores para retomar seus direitos políticos.
A entrevista reacendeu debates acalorados entre apoiadores e opositores do ex-presidente. Seus aliados consideram que a investigação não passa de uma manobra para mantê-lo afastado das eleições de 2026, enquanto seus críticos apontam que há indícios suficientes para que o inquérito siga adiante.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, tem sido um dos principais alvos de críticas do ex-presidente e de seus apoiadores. Bolsonaro já foi alvo de diversas decisões judiciais tomadas por Moraes, incluindo a inclusão de seu nome no inquérito das fake news e no das milícias digitais. Agora, com a investigação sobre a tentativa de golpe, a relação entre os dois se torna ainda mais tensa.
O inquérito apura se Bolsonaro e seus aliados articularam uma estratégia para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. A suspeita é de que ele tenha incentivado manifestações golpistas e buscado apoio entre militares para contestar o resultado das urnas. O caso ganhou novos contornos após delações e apreensões feitas pela Polícia Federal, que indicam que o ex-presidente e seu círculo próximo discutiram a possibilidade de um golpe de Estado.
Apesar disso, Bolsonaro continua negando qualquer envolvimento em uma trama para se manter no poder. Seus apoiadores reforçam que, se houvesse uma tentativa de golpe, ela teria sido evidente com movimentações militares e ações concretas, o que não ocorreu. Esse argumento tem sido amplamente utilizado por parlamentares e figuras próximas ao ex-presidente, que enxergam a investigação como parte de um plano maior para criminalizá-lo.
Nos últimos meses, a inelegibilidade de Bolsonaro tem sido um dos temas centrais da política brasileira. Ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral e está impedido de concorrer a cargos públicos até 2030. No entanto, a possibilidade de uma revisão dessa decisão tem sido discutida nos bastidores, especialmente se houver grande mobilização popular.
O ex-presidente, que ainda mantém uma base de apoio considerável, tem participado de eventos e encontros políticos nos quais reforça sua narrativa de perseguição. Ele alega ser alvo de uma série de injustiças e que sua inelegibilidade foi determinada para impedir que a direita volte ao poder nas próximas eleições.
Por outro lado, juristas e especialistas apontam que as investigações contra Bolsonaro não se baseiam apenas em narrativas políticas, mas em evidências coletadas ao longo dos últimos meses. Eles afirmam que há elementos concretos que justificam a continuidade do inquérito e possíveis desdobramentos que podem complicar ainda mais a situação do ex-presidente.
Enquanto isso, o cenário político segue dividido. De um lado, Bolsonaro e seus aliados tentam fortalecer a mobilização popular e pressionar as instituições para que sua inelegibilidade seja revista. De outro, os ministros do STF e demais autoridades da Justiça reforçam a necessidade de seguir com as investigações e garantir que eventuais crimes sejam devidamente punidos.
O que se percebe é que a guerra política entre Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal está longe de terminar. A entrevista do ex-presidente reforça seu discurso de perseguição e sua tentativa de manter o apoio popular, ao mesmo tempo em que a Justiça segue avançando nas investigações.
Nos próximos meses, o andamento do inquérito e as possíveis reações da base bolsonarista podem determinar os rumos desse embate. Enquanto isso, Bolsonaro segue apostando na pressão popular como sua principal estratégia para tentar reverter sua situação política e voltar ao cenário eleitoral.