O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo decidiu, nesta quinta-feira, pela cassação do mandato da deputada federal Carla Zambelli, do PL-SP, por abuso de poder. Com a decisão, a parlamentar também foi declarada inelegível por um período de oito anos, o que a impede de disputar qualquer cargo eletivo durante esse tempo. O julgamento contou com sete magistrados, e o placar final foi de cinco votos a favor da cassação contra dois contrários.
A principal acusação contra Zambelli foi o uso abusivo de meios de comunicação durante as eleições de 2022. Segundo a decisão do TRE-SP, a deputada teria se valido de redes sociais e sites para disseminar informações que, na visão dos magistrados, desestabilizaram o processo eleitoral. O tribunal considerou que a atuação da parlamentar gerou impactos negativos à credibilidade das eleições, caracterizando um uso indevido dos meios de comunicação para influenciar o eleitorado.
A defesa da deputada argumentou que as postagens mencionadas no processo não foram impulsionadas financeiramente e que não há provas concretas de que tenham alterado o resultado da eleição. Os advogados de Zambelli também ressaltaram que a decisão representa um risco à liberdade de expressão, já que a deputada apenas utilizou suas redes sociais para fazer críticas e compartilhar opiniões políticas. No entanto, os argumentos não foram suficientes para reverter a decisão da maioria dos magistrados.
Assim que o resultado foi anunciado, Carla Zambelli se manifestou por meio de suas redes sociais e classificou a decisão como uma "perseguição política". Segundo a deputada, o julgamento faz parte de um plano maior para silenciar parlamentares conservadores e minar a oposição ao governo federal. Ela afirmou ainda que recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral para tentar reverter a decisão e retomar seu mandato.
A cassação de Zambelli ocorre em um momento de crescente tensão entre setores do Judiciário e políticos aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio reacende discussões sobre liberdade de expressão e os limites da atuação política nas redes sociais. Para apoiadores da deputada, a decisão do TRE-SP demonstra que há um cerco jurídico sendo montado contra lideranças de direita, com o objetivo de afastá-las do cenário eleitoral.
Parlamentares do PL e de outros partidos de oposição também se manifestaram sobre o caso. Alguns classificaram a cassação como um ataque à democracia e à livre manifestação política, enquanto outros sugeriram que a medida tem motivações políticas e não jurídicas. O senador Flávio Bolsonaro afirmou que a perseguição a aliados do ex-presidente está se tornando cada vez mais evidente e alertou para o risco de um enfraquecimento da oposição no Congresso Nacional.
A cassação de Carla Zambelli também levanta questionamentos sobre o impacto que essa decisão pode ter nas eleições futuras. Como um dos principais nomes da direita no Brasil, sua inelegibilidade por oito anos pode alterar o cenário político, especialmente em São Paulo, onde sempre teve uma base de apoio expressiva. A deputada foi uma das mais votadas do estado e, ao longo de seu mandato, se destacou por uma atuação combativa, defendendo pautas conservadoras e criticando o atual governo.
Enquanto a defesa prepara o recurso ao TSE, analistas políticos avaliam que a decisão do TRE-SP pode ser um indicativo do que está por vir para outros parlamentares alinhados com Bolsonaro. Muitos temem que essa cassação seja apenas o primeiro passo de uma estratégia maior para barrar a participação de políticos conservadores nas próximas eleições.
O episódio reforça a polarização no país e aumenta a desconfiança de setores da sociedade sobre a imparcialidade do sistema eleitoral. Enquanto uma parte da população vê a cassação como uma medida legítima contra a disseminação de desinformação, outra considera que se trata de uma tentativa de eliminar adversários políticos por meio do Judiciário.
Nos próximos dias, Zambelli deve intensificar sua defesa e mobilizar apoiadores para pressionar o TSE a rever a decisão. Em sua nota oficial, a deputada reafirmou que continuará lutando por um Brasil próspero e digno e que não aceitará calada o que considera uma injustiça. O desenrolar desse caso será acompanhado de perto, pois pode representar um marco na relação entre política e Judiciário no Brasil.