Davi Alcolumbre: um nome tão ruim que Rodrigo Pacheco deixará saudade

Gustavo Mendex


 A possível candidatura de Davi Alcolumbre à presidência do Senado tem gerado debates acalorados dentro da Direita brasileira. O movimento conservador, que surgiu nos últimos anos como uma força política expressiva, agora se vê diante de um dilema que pode comprometer sua própria identidade. Para muitos, apoiar um nome como Alcolumbre significaria trair os princípios que sustentam a base ideológica da Direita, colocando em risco sua unidade e credibilidade perante seus eleitores.

A política brasileira, marcada por alianças pragmáticas e negociações estratégicas, sempre exigiu concessões para garantir espaços de influência. No entanto, essa lógica tradicional é justamente o que a Direita sempre combateu. O apoio a um nome que, historicamente, tem alinhamento com o atual governo e suas pautas progressistas pode ser visto como um movimento contraditório. Afinal, os conservadores lutam há anos contra o que chamam de “velha política” e suas práticas de bastidores, buscando romper com esquemas que beneficiam grupos específicos em detrimento do interesse nacional.

O principal argumento para justificar uma eventual aliança com Alcolumbre seria a possibilidade de garantir cadeiras nas principais comissões do Senado, além de uma maior representatividade em espaços de decisão. No entanto, críticos desse posicionamento alertam que essa estratégia pode acabar enfraquecendo a própria Direita, diluindo seus valores e princípios em troca de vantagens políticas momentâneas. Se esse movimento for concretizado, há o risco de afastar uma parcela significativa da base conservadora, que não aceitará essa aproximação com figuras que representam tudo o que combateram nos últimos anos.

A figura de Alcolumbre desperta forte rejeição entre os apoiadores de Bolsonaro e da Direita em geral. O senador, que já ocupou a presidência do Senado, é visto como um aliado do Supremo Tribunal Federal e do Partido dos Trabalhadores, além de ser apontado como um defensor de pautas que vão contra os interesses do movimento conservador. Sua postura em relação à regulação das redes sociais e ao projeto de lei da censura é um dos principais pontos de crítica, pois atinge diretamente a liberdade de expressão, uma bandeira fundamental da Direita.

Além disso, há uma frustração generalizada com a demora no avanço de pedidos de impeachment contra ministros do STF. A insatisfação com o Supremo é um dos pilares do discurso conservador, e Alcolumbre já deixou claro que nunca pautaria qualquer iniciativa desse tipo. Esse fator pesa ainda mais na rejeição ao seu nome, pois demonstra um alinhamento com as instituições que, segundo a Direita, têm atuado contra a democracia e a liberdade no país.

A possível adesão da Direita à candidatura de Alcolumbre levanta suspeitas sobre os reais interesses por trás dessa movimentação. Alguns analistas apontam que pode haver um jogo de bastidores com motivações obscuras, o que reforça a necessidade de coerência dentro do movimento. Muitos acreditam que, mesmo sem chances de vitória, apoiar um candidato conservador como Rogério Marinho ou Marcos Pontes seria a melhor alternativa. Esse caminho garantiria a manutenção da identidade da Direita, evitando que ela se torne mais uma peça do jogo político tradicional.

Outro fator que preocupa a base conservadora é a condução política de Bolsonaro após o fim de seu mandato. O ex-presidente continua sendo a principal referência da Direita, mas algumas de suas escolhas recentes têm gerado questionamentos. A contratação de Celso Vilardi para sua defesa, por exemplo, causou surpresa, já que o advogado já afirmou publicamente que houve uma tentativa de golpe e que Bolsonaro estaria implicado. Para muitos, essa decisão foi um erro estratégico, pois coloca o ex-presidente em uma posição vulnerável diante do STF.

A nomeação de Alcolumbre para a presidência do Senado poderia ser um novo erro nessa sequência de equívocos políticos. A base conservadora teme que esse tipo de aliança enfraqueça a resistência contra o governo atual e desmobilize aqueles que ainda acreditam em uma mudança estrutural na política brasileira. O apoio a um nome tão distante dos princípios da Direita poderia representar a rendição definitiva a um sistema que sempre foi criticado.

Diante desse cenário, a Direita precisa decidir entre manter sua identidade ou buscar uma estratégia pragmática para garantir algum espaço no Senado. A escolha de Alcolumbre representaria uma mudança de rumo e poderia desmotivar a militância conservadora, que vê na política um meio de transformação e não apenas um jogo de poder. Se a Direita realmente se considera a última esperança para um Brasil diferente, precisa agir com coerência e firmeza, evitando alianças que comprometam seus valores e princípios.

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