Durante uma tensa sessão na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, o deputado Luciano Zucco confrontou o ministro Ricardo Lewandowski, em um discurso incisivo que destacou as ações criminosas atribuídas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Zucco, que presidiu a CPI do MST, cobrou um posicionamento firme do ministro e manifestou sua indignação diante do que chamou de “inversão de valores” no Brasil. Segundo ele, o país tem libertado traficantes e corruptos enquanto mantém presos indivíduos acusados de crimes questionáveis, enquanto os atos do MST ganham nova força.
Zucco iniciou sua fala ressaltando a contradição que enxerga na aplicação da justiça brasileira. Ele comparou as ações do MST às manifestações ocorridas na Esplanada dos Ministérios e criticou a disparidade no tratamento jurídico dado aos envolvidos. Para ele, os crimes do MST vão além das invasões de terras, envolvendo práticas como porte ilegal de armas, trabalho análogo à escravidão e até a corrupção de menores. O deputado também expressou sua decepção com a conivência, direta ou indireta, que percebe por parte de figuras do governo com o movimento.
Em seu discurso, Zucco foi categórico ao questionar Lewandowski sobre a escalada de invasões de propriedades rurais, especialmente no Rio Grande do Sul, estado que tem enfrentado uma grave crise devido a desastres naturais. Ele afirmou que as atividades do MST intensificaram-se novamente após o fim da CPI e pediu ao ministro um posicionamento claro sobre as medidas que pretende adotar para conter a situação. Segundo Zucco, o MST tem agido de maneira cada vez mais violenta, prejudicando famílias que trabalham e vivem da terra, enquanto reivindica uma causa que, em sua essência, deveria beneficiar pequenos agricultores.
O deputado lembrou também do caso de um policial militar, conhecido como brigadiano no Rio Grande do Sul, que foi degolado em uma ação violenta atribuída ao MST. Ele destacou que o movimento tem acesso a armas, diferentemente de civis desarmados que, segundo ele, são alvos de acusações infundadas e acabam sendo presos por motivos políticos. Zucco provocou o ministro ao citar declarações do atual Ministro da Defesa, José Múcio, que afirmou que não existe golpe sem o apoio das Forças Armadas. Ele questionou a lógica de se classificar determinados atos como tentativas de golpe enquanto crimes mais explícitos e violentos, como os atribuídos ao MST, são tratados com complacência.
Em tom de desafio, Zucco perguntou diretamente a Lewandowski se ele tem “carinho” pelo movimento, mas destacou acreditar que o ministro não apoia os crimes cometidos em nome de sua causa. Para o deputado, é essencial que o governo adote uma postura mais rigorosa diante do MST, garantindo que a lei seja aplicada igualmente para todos, sem privilégios ideológicos ou seletividade. Ele finalizou sua fala reforçando que as invasões de terras haviam diminuído durante a CPI, mas voltaram a crescer de forma alarmante, sugerindo que a ausência de ações contundentes por parte do governo encoraja os atos do movimento.
O embate entre Zucco e Lewandowski reflete um cenário político polarizado, no qual a segurança pública e a atuação de movimentos sociais se tornaram temas centrais de debates acalorados. A atuação do MST, em particular, tem sido alvo de críticas frequentes por parte de setores conservadores, que veem no movimento uma ameaça à propriedade privada e à ordem pública. Por outro lado, defensores do MST argumentam que o movimento luta por justiça social e pela reforma agrária, embora os métodos utilizados sejam frequentemente questionados.
A postura firme de Zucco na comissão gerou reações variadas entre os presentes. Alguns parlamentares apoiaram suas colocações, enquanto outros o acusaram de tentar transformar o debate em um palco de acusações políticas. O ministro Lewandowski, por sua vez, não respondeu imediatamente aos questionamentos de Zucco, preferindo adotar uma postura mais reservada diante das críticas. Sua atitude foi interpretada por alguns como cautela, mas por outros como falta de comprometimento em abordar o problema.
O episódio evidencia as tensões crescentes entre o governo e a oposição no que diz respeito à segurança pública e ao papel de movimentos sociais como o MST. Enquanto o governo tenta equilibrar o diálogo com esses grupos e a aplicação da lei, a oposição cobra ações mais enérgicas para coibir os crimes associados a suas atividades. O discurso de Zucco, amplamente divulgado nas redes sociais, reforça a pressão sobre Lewandowski e sobre o governo para que se posicionem de forma clara e efetiva.
Com o tema ganhando destaque na agenda política, é provável que as discussões sobre o MST e suas atividades continuem a ocupar espaço significativo no Congresso. A cobrança de Zucco reflete não apenas a indignação de parte da sociedade, mas também a estratégia da oposição de utilizar casos como este para questionar a postura do governo e exigir mudanças nas políticas de segurança pública.