A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) afirmou que não há elementos concretos que sustentem a tese de uma tentativa de golpe de Estado no Brasil após as eleições presidenciais de 2022. Em declarações recentes, a parlamentar criticou o relatório produzido pela Polícia Federal (PF) sobre os acontecimentos que resultaram nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro deste ano. Segundo ela, o documento não apresenta provas sólidas e se baseia em especulações e narrativas com o objetivo de justificar a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Aquelas 800 e tantas páginas que colocaram de relatório, eu vi alguns trechos. Algumas pessoas que leram, advogados que leram bastante, disseram que é tudo baseado em fantasias. Não tem nada de concreto, e se tivesse mesmo história de golpe, isso teria acontecido quando o presidente Bolsonaro era o chefe supremo das Forças Armadas”, afirmou Kicis. A deputada também ressaltou que, na época dos eventos descritos no relatório, Bolsonaro sequer estava no Brasil, já que havia viajado aos Estados Unidos pouco antes de sua sucessora, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumir o cargo.
Para Kicis, a narrativa de golpe tem sido utilizada como pretexto para perseguir politicamente o ex-presidente. A deputada apontou que há um movimento coordenado pelo que chamou de “sistema” para incriminar Bolsonaro a qualquer custo, ignorando princípios básicos do Estado de Direito, como a presunção de inocência e o devido processo legal. “Isso não passa de alucinação, narrativas para justificar o quê? Querem prender Bolsonaro, a todo custo. Custe o que custar. Não importa violar a Constituição, violar o devido processo legal”, criticou a parlamentar, em tom indignado.
A deputada também comentou sobre a recente prisão de militares ligados ao ex-presidente, incluindo um general que está sendo investigado por suposto envolvimento nos atos de 8 de janeiro. Para Kicis, a detenção é mais um exemplo de como as autoridades estariam tentando criar uma narrativa para atingir Bolsonaro indiretamente. “A prisão do general mostra que está mais do que claro que o 'sistema' vai tentar envolver qualquer narrativa possível para atingir o ex-presidente Jair Bolsonaro nesse caso. Querem prendê-lo de qualquer forma”, afirmou.
A ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) destacou que as acusações contra Bolsonaro e seus aliados carecem de fundamentos jurídicos e que a tentativa de vinculá-los a uma suposta trama golpista seria fruto de um desejo político de enfraquecer a oposição ao governo atual. Segundo ela, os processos em curso não têm como objetivo a busca pela verdade, mas sim deslegitimar a atuação política de Bolsonaro e seus apoiadores.
Kicis criticou ainda a forma como o governo e as instituições têm conduzido as investigações sobre os eventos que marcaram o início do terceiro mandato de Lula. Ela acusou as autoridades de seletividade na aplicação da lei, argumentando que há uma perseguição política em curso. “É uma verdadeira 'sanha' do 'sistema' contra Bolsonaro e qualquer um que o apoie. Estão dispostos a tudo para incriminá-lo e afastá-lo da vida política do país. Isso não é justiça, é perseguição”, disparou a parlamentar.
A narrativa defendida por Bia Kicis é compartilhada por outros parlamentares e líderes da oposição que têm criticado duramente as ações das autoridades no âmbito das investigações sobre os ataques de 8 de janeiro. Segundo esse grupo, o inquérito conduzido pela Polícia Federal e as ações judiciais que dele derivam não passam de uma tentativa de consolidar uma narrativa que justifique a exclusão de Bolsonaro do cenário político brasileiro.
Nos bastidores, aliados do ex-presidente avaliam que as recentes movimentações judiciais contra ele, incluindo investigações relacionadas a joias recebidas por autoridades estrangeiras e supostos crimes eleitorais, fazem parte de uma estratégia para inviabilizar sua candidatura em futuras eleições. A deputada do PL acredita que a “resistência jurídica” será fundamental para enfrentar esse cenário e garantir a defesa de Bolsonaro e de outros políticos de oposição que têm sido alvos das investigações.
O relatório da Polícia Federal, que embasa as recentes denúncias, sugere que havia um grupo articulado, composto por civis e militares, que teria planejado um golpe para impedir a posse de Lula ou desestabilizar o governo recém-empossado. No entanto, parlamentares como Kicis questionam a credibilidade dessas alegações e afirmam que a falta de evidências concretas enfraquece a tese apresentada pelas autoridades.
A polarização em torno das investigações reflete o clima de tensão política que persiste no país desde as eleições de 2022. Enquanto o governo e seus aliados defendem a apuração rigorosa dos fatos, setores da oposição enxergam nas investigações uma tentativa de consolidar um projeto de poder que passa pela criminalização de adversários políticos. A disputa de narrativas deve continuar acirrada nos próximos meses, com novos desdobramentos das investigações e possíveis desdobramentos jurídicos envolvendo figuras de destaque no cenário político nacional.