O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou seu protagonismo político durante uma entrevista concedida à Rádio Gaúcha, em Porto Alegre, na noite desta terça-feira, 10 de dezembro de 2024. A conversa, que abordou temas como sucessão presidencial e o futuro do país, trouxe declarações enfáticas de Bolsonaro, que rejeitou especulações sobre um possível substituto para as eleições de 2026 e reforçou sua posição como principal liderança dentro do seu grupo político.
Em um momento da entrevista, uma jornalista tentou pressionar Bolsonaro a revelar quem poderia ser o nome escolhido para representá-lo na corrida presidencial caso ele não fosse candidato. A resposta foi imediata e carregada de ironia, deixando claro que o ex-presidente não cogita abrir espaço para outra liderança no momento. "Vou indicar você [jornalista], se não for eu!", afirmou Bolsonaro, provocando risos no estúdio. Em seguida, ele completou com uma fala contundente que sintetiza sua visão sobre sua relevância política: "Enquanto eu não morrer, física e politicamente, sou eu mesmo. O plano A sou eu, o plano B sou eu também e o plano C sou eu."
A declaração, que rapidamente repercutiu nas redes sociais, reafirma o estilo característico de Bolsonaro, marcado pela centralidade de sua figura e pela rejeição de possíveis concorrentes dentro de seu próprio campo político. Segundo o ex-presidente, só após sua "morte física ou política em definitivo" é que ele consideraria a possibilidade de um sucessor.
O posicionamento de Bolsonaro não é surpreendente para seus apoiadores e críticos, já que ele tem mantido sua base mobilizada desde que deixou o cargo em 2022. Mesmo sem mandato, o ex-presidente continua sendo uma figura central na política brasileira, atuando como líder de oposição ao governo Lula (PT) e participando ativamente de eventos e encontros políticos em todo o país. Durante a entrevista, Bolsonaro também aproveitou para criticar o atual governo, apontando o que considera erros na gestão econômica e na condução de temas sensíveis, como segurança pública e política internacional.
Além disso, Bolsonaro ressaltou que sua possível candidatura em 2026 dependerá de "circunstâncias favoráveis", mas deixou claro que não pretende abrir mão de sua liderança tão cedo. "Tenho uma missão com o Brasil, e essa missão não acabou. Não podemos deixar o país retroceder", afirmou. As palavras do ex-presidente foram interpretadas como um recado direto a seus aliados, indicando que ele espera unidade dentro do Partido Liberal e de outras legendas que compõem sua base política.
A reação do público foi mista. Enquanto seus apoiadores comemoraram a declaração como uma demonstração de força e determinação, críticos apontaram que a centralização excessiva em torno de Bolsonaro pode enfraquecer o campo político que ele representa. Especialistas avaliam que a insistência em se colocar como única opção pode afastar lideranças emergentes e dificultar a renovação dentro do grupo político bolsonarista.
Para analistas políticos, a entrevista também expõe um dilema enfrentado por Bolsonaro. Apesar de ainda ser uma figura popular entre grande parte da direita brasileira, ele também enfrenta desafios significativos, como processos judiciais que podem comprometer sua elegibilidade para 2026. Nos últimos meses, o ex-presidente tem lidado com acusações relacionadas à sua conduta enquanto esteve no cargo, além de investigações sobre sua participação em manifestações antidemocráticas.
Mesmo assim, Bolsonaro parece confiante em sua capacidade de superar os obstáculos e seguir como a principal liderança de oposição. "Estou aqui para lutar pelo Brasil, como sempre fiz. Não vou desistir", declarou durante a entrevista. A frase reflete a estratégia do ex-presidente de manter seu discurso combativo e sua conexão direta com os eleitores, características que marcaram sua trajetória política.
A entrevista à Rádio Gaúcha foi encerrada com Bolsonaro reafirmando seu compromisso com o que ele chama de "valores fundamentais" para o Brasil, como a defesa da liberdade de expressão, a segurança pública e o combate à corrupção. Ele destacou que continuará percorrendo o país para ouvir as demandas da população e reforçar suas ideias.
Enquanto isso, o cenário político segue em ebulição. A proximidade das eleições municipais de 2024 e as articulações para 2026 indicam que o nome de Bolsonaro continuará sendo central nos debates políticos do país. Sua capacidade de se manter relevante e de mobilizar sua base será determinante para os próximos passos da direita brasileira. Se depender dele, no entanto, o recado é claro: "O plano A, B e C" continuará sendo Jair Bolsonaro.