Enquanto o Brasil atravessa uma de suas crises econômicas mais delicadas, o dólar atingiu a marca alarmante de R$ 6,20, um reflexo direto do clima de desconfiança gerado pela condução econômica do governo. Em meio a essa escalada, o jornalista Mario Sabino, em artigo publicado no site Metrópoles, trouxe à tona uma crítica contundente à administração federal. Segundo ele, enquanto muitos discutem teorias sobre um golpe político inexistente, o que de fato ocorre é um “golpe econômico” em curso, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo Partido dos Trabalhadores.
Sabino aponta para uma série de medidas e posicionamentos que, segundo sua análise, demonstram irresponsabilidade fiscal e descontrole administrativo. Ele destaca que o Banco Central tem feito intervenções bilionárias no mercado cambial, sem sucesso em conter a valorização do dólar. Para ele, a situação reflete uma crise de dominância fiscal: o governo federal estaria gastando muito mais do que arrecada, acumulando déficits e dívidas em níveis insustentáveis. Esse descompasso, segundo o jornalista, torna o Banco Central incapaz de controlar os impactos inflacionários, mesmo com o uso de sua principal ferramenta, o aumento das taxas de juros.
Na avaliação de Sabino, o mercado financeiro chegou ao limite da tolerância. O jornalista afirma que Lula está empenhado em desmantelar o legado do Plano Real, pilar da estabilidade econômica que marcou os anos 1990 no Brasil. Ele compara o presidente a um "capitão de um navio à deriva", que, apesar dos alertas, insiste em seguir uma rota que, segundo ele, levará a um desastre ainda maior.
Recentemente, após receber alta hospitalar, Lula concedeu uma entrevista ao programa Fantástico, onde fez declarações polêmicas que intensificaram a reação do mercado. O presidente minimizou os efeitos da inflação, atribuindo os problemas econômicos exclusivamente à taxa de juros elevada e criticando o Banco Central por sua política monetária. "A inflação está quatro e pouco. É uma inflação totalmente controlada. A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todo dia, não é do governo federal. Mas nós vamos cuidar disso também", afirmou o presidente.
Para Sabino, essa declaração foi um sinal claro de que Lula pretende intervir diretamente no Banco Central. A possível nomeação de Gabriel Galípolo como presidente da instituição é vista como um movimento estratégico para pressionar a redução das taxas de juros, independentemente das condições econômicas e do impacto inflacionário. A análise sugere que a estratégia de Lula é baseada em uma ilusão: criar um cenário de crédito mais acessível para os cidadãos, enquanto a inflação continua corroendo o poder de compra da população, especialmente a mais pobre.
Outro ponto crítico levantado no artigo é a desinformação sobre o real estado da inflação no país. Apesar das declarações de Lula, que insistem em que a inflação está sob controle, os dados indicam o contrário. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação já se aproxima de 5%, quase dois pontos percentuais acima da meta estabelecida pelo próprio governo. A previsão para o primeiro semestre de 2025 é ainda mais preocupante, com expectativas de que os índices ultrapassem o teto estipulado.
Além disso, Sabino critica o Congresso Nacional, que, segundo ele, contribui para o agravamento da situação ao priorizar emendas parlamentares que drenam ainda mais os recursos públicos. A aprovação de medidas populistas e a resistência em enxugar o pacote fiscal em análise são, na visão do jornalista, sintomas de um sistema político que favorece gastos desmedidos em detrimento da saúde econômica do país.
Para Sabino, o “golpe econômico” não é apenas uma metáfora. Ele argumenta que as ações do governo geram um impacto direto e devastador para os mais pobres, justamente aqueles que Lula e o PT dizem defender. O aumento da inflação, combinado com o endividamento generalizado incentivado por políticas de crédito afrouxadas, pode levar a uma deterioração ainda maior da qualidade de vida da população vulnerável. Segundo ele, o cenário atual é o resultado de escolhas políticas que priorizam a manutenção do poder em detrimento do bem-estar coletivo.
O artigo também ressalta uma mudança no discurso de Lula ao longo dos anos. Enquanto no passado o presidente buscava construir uma relação de confiança com o mercado, hoje ele se limita a atribuir a crise econômica a supostos inimigos políticos. Sabino critica essa narrativa, que considera uma "fake news risível", e relembra que, em seus governos anteriores, Lula chegou a se orgulhar do lucro recorde dos bancos. A postura atual, marcada por ataques ao mercado, é vista como um retrocesso em termos de responsabilidade econômica.
Ao final, Sabino alerta para as consequências de longo prazo das escolhas do governo atual. Ele aponta que a destruição do legado do Plano Real e o descontrole fiscal deixarão cicatrizes profundas na economia brasileira, com um custo alto para os mais pobres. Enquanto isso, o governo insiste em vender ilusões para garantir apoio popular e viabilizar sua permanência no poder. O cenário traçado pelo jornalista é desolador, com um futuro marcado por mais inflação, endividamento e perda de credibilidade internacional.