Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, afirmou nesta quarta-feira (4) que, mesmo inelegível, Jair Bolsonaro continua sendo o principal nome da direita para as eleições presidenciais de 2026. A declaração foi feita durante o evento “Fórum JOTA – Brasil em 10 anos”, realizado em Brasília. Segundo Lira, não há outro líder com o mesmo peso político para representar o campo conservador no próximo pleito.
“À direita, ao meu ver, Bolsonaro é o candidato. Não vejo outro nome que não seja ele mesmo. Se vai ter inelegibilidade ou não, isso a gente vai saber no período de eleição”, afirmou Lira, referindo-se à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente inelegível até 2030. Ele comparou a situação de Bolsonaro à de Luiz Inácio Lula da Silva, que também enfrentou um período de inelegibilidade antes de voltar ao cenário eleitoral. “Assim como Lula foi substituído nas urnas enquanto estava inelegível, Bolsonaro também pode seguir sendo a maior força da direita”, completou.
A decisão do TSE que resultou na inelegibilidade de Bolsonaro está diretamente ligada às comemorações do Bicentenário da Independência, em 2022. Na ocasião, o ex-presidente foi acusado de abuso de poder político e econômico ao utilizar a máquina pública para promover sua candidatura à reeleição. Apesar da condenação, a legislação brasileira permite que ele registre sua candidatura em 2026, caso decida disputar o pleito. Nesse cenário, pedidos de impugnação seriam analisados pela Justiça Eleitoral durante o processo.
Outro fator que pode influenciar o futuro político de Bolsonaro é a possibilidade de uma anistia concedida pelo Congresso Nacional. Essa decisão, entretanto, depende do próprio Arthur Lira, que tem forte influência sobre a Câmara. Nos bastidores, aliados de Bolsonaro trabalham para que o tema avance, argumentando que a medida seria uma resposta à polarização política e ao que consideram como “excessos do Judiciário”. A discussão, contudo, ainda encontra resistência de setores da oposição e de parlamentares moderados.
Bolsonaro, por sua vez, mantém silêncio público sobre uma eventual candidatura, mas segue ativo nos bastidores. Recentemente, ele tem intensificado encontros com lideranças regionais e congressistas, reforçando seu papel como principal figura da oposição ao governo Lula. Para analistas, essa movimentação demonstra que, mesmo inelegível, Bolsonaro continua a ser o principal articulador político do campo conservador, influenciando diretamente a estratégia eleitoral de partidos alinhados à direita.
A comparação feita por Arthur Lira entre Bolsonaro e Lula também reforça a narrativa de que a política brasileira tem alternado entre extremos ideológicos. Lula, que foi impedido de disputar as eleições de 2018 devido a condenações judiciais, viu seu cenário mudar após decisões do Supremo Tribunal Federal que anularam suas sentenças. Essa mudança abriu caminho para sua vitória em 2022. Agora, a possibilidade de Bolsonaro seguir um caminho semelhante gera expectativas e especulações sobre o futuro das eleições presidenciais.
Outro ponto levantado por Lira é a ausência de novos líderes de destaque na direita brasileira. Desde a derrota de Bolsonaro em 2022, o campo conservador tem enfrentado dificuldades em projetar novos nomes que possam substituir o ex-presidente no imaginário popular. Governadores, senadores e outras lideranças, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, são frequentemente citados como possíveis candidatos, mas nenhum deles alcançou a mesma popularidade ou polarização que Bolsonaro representa.
Nos últimos meses, o cenário político tem sido marcado por debates acalorados sobre a influência do Judiciário nas decisões eleitorais. Críticos da inelegibilidade de Bolsonaro alegam que o TSE está extrapolando suas funções ao retirar do jogo político um dos principais líderes da direita. Já defensores da decisão argumentam que a punição é necessária para coibir abusos de poder e garantir o equilíbrio do processo democrático.
Enquanto isso, o governo Lula segue enfrentando dificuldades em aprovar reformas no Congresso, cenário que fortalece o discurso oposicionista. Lira, ao mesmo tempo em que declara apoio à continuidade do governo no curto prazo, tem dado sinais de alinhamento estratégico com o campo conservador. Suas declarações sobre Bolsonaro reforçam sua posição como peça-chave na articulação política nacional.
Em meio a esse cenário, a possibilidade de anistia a Bolsonaro adiciona um elemento de imprevisibilidade às eleições de 2026. Caso a Câmara dos Deputados aprove a medida, o ex-presidente poderá retomar plenamente sua participação no jogo eleitoral, reacendendo o embate direto com Lula e a esquerda. Por outro lado, se a inelegibilidade for mantida, Bolsonaro ainda poderá atuar como grande articulador político, influenciando diretamente os rumos da direita.
O futuro político de Bolsonaro permanece incerto, mas sua força como principal liderança do campo conservador segue evidente. As declarações de Arthur Lira refletem essa realidade e reforçam a narrativa de que, mesmo inelegível, o ex-presidente continua sendo a figura central para a direita nas próximas eleições. Resta saber se as movimentações políticas e jurídicas permitirão que ele volte às urnas ou se seu papel será de bastidor, moldando o cenário eleitoral por meio de sua influência.