Em uma nova entrevista concedida nesta semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ser alvo de uma perseguição política, após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por suposta tentativa de golpe de Estado. Em suas declarações, Bolsonaro criticou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de exercer influência sobre as investigações conduzidas pela PF. “A PF faz aquilo que o senhor ministro [Alexandre de Moraes] assim deseja”, declarou Bolsonaro, ao classificar as acusações contra ele como absurdas e baseadas em arbitrariedades.
Durante a entrevista, o ex-presidente destacou alguns episódios que, segundo ele, seriam exemplos claros dessa perseguição. Entre eles, mencionou áudios que teriam envolvido um juiz instrutor de Alexandre de Moraes. Para Bolsonaro, tais situações demonstram o que ele chamou de “mundo das arbitrariedades” no Brasil. Ele também citou operações policiais realizadas contra ele como provas do abuso de autoridade. “Já tive três operações de busca e apreensão absurdas. Corro risco, sem dever nada, corro risco”, afirmou, referindo-se às ações realizadas pela Polícia Federal em investigações anteriores.
Bolsonaro não negou que o cenário atual apresenta risco de prisão para ele, mas garantiu não temer as consequências das ações judiciais. Segundo o ex-presidente, a perseguição tem como objetivo enfraquecê-lo politicamente e impedir que ele retome protagonismo no cenário nacional. Apesar disso, ele reforçou sua intenção de disputar novamente a Presidência da República em 2026. “Eu vou. Sou um cidadão. Sou um réu sem crime. Fui condenado sem crime nenhum”, disse Bolsonaro, reafirmando sua inocência diante das acusações.
As declarações do ex-presidente chegam em um momento em que as investigações contra ele se intensificam. Jair Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal sob a suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, com base em evidências colhidas no inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A PF aponta que Bolsonaro teria, de alguma forma, incentivado ou se beneficiado de movimentos que buscavam anular o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Contudo, Bolsonaro nega veementemente qualquer envolvimento ou incentivo a atos que violem o estado democrático de direito.
Na entrevista, o ex-presidente também ressaltou que considera as acusações uma tentativa de retirá-lo da disputa eleitoral de 2026. Para ele, há uma articulação política e jurídica que visa eliminar qualquer ameaça à hegemonia do atual governo e seus aliados. “Está mais do que claro que o sistema vai tentar envolver qualquer narrativa possível para atingir o ex-presidente Jair Bolsonaro nesse caso. Querem prendê-lo de qualquer forma”, comentou, em tom crítico.
Bolsonaro, que já enfrenta uma série de processos no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), tem sido uma figura central no debate político do país, mesmo fora do cargo. Desde o fim de seu mandato, ele se tornou alvo de diversas investigações relacionadas à sua conduta enquanto presidente, incluindo a suposta tentativa de golpe, uso indevido da máquina pública, disseminação de notícias falsas, e questionamentos sobre a vacinação contra a Covid-19.
Apoiadores do ex-presidente consideram as investigações uma estratégia para impedir seu retorno ao poder, enquanto críticos argumentam que Bolsonaro deve responder judicialmente por seus atos. Nas redes sociais, a polarização é evidente, com discursos inflamados de ambos os lados. Parte de sua base política continua mobilizada, acusando as instituições de manipulação e seletividade na condução dos processos contra ele.
Apesar das adversidades, Bolsonaro reafirmou sua confiança de que poderá se candidatar novamente. Ele destacou que sua eventual prisão seria mais uma tentativa de silenciá-lo e alertou para os perigos que isso representaria para a democracia brasileira. “Vivemos num mundo das arbitrariedades”, disse, ao criticar o que considera ser um cerceamento à sua liberdade de expressão e de atuação política.
A repercussão das declarações do ex-presidente deverá movimentar ainda mais o cenário político nos próximos meses. Enquanto a Polícia Federal e o STF continuam suas investigações, Bolsonaro parece decidido a manter sua posição como liderança da oposição, mesmo em meio às acusações que pesam contra ele. Ele continua a se apresentar como vítima de um sistema que, segundo sua visão, busca neutralizar vozes contrárias e deslegitimar a direita brasileira.
O futuro político do ex-presidente, entretanto, ainda é incerto. Embora siga como um dos principais nomes da oposição, o resultado dos processos judiciais em andamento pode definir sua capacidade de se candidatar em 2026. Caso seja condenado em instâncias superiores, Bolsonaro pode ficar inelegível, o que representaria um duro golpe para sua carreira política e para seus apoiadores. Até lá, o embate entre o ex-presidente e as instituições promete continuar acirrando os ânimos no país.