A defesa do ex-ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, surpreendeu ao apresentar um pedido estratégico ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo: adiar sua resposta à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. A movimentação abre um novo capítulo nesse caso controverso e pode alterar o desfecho das investigações.
O pedido enigmático: por que esperar Mauro Cid?
Os advogados de Braga Netto argumentam que sua defesa só deve se manifestar após o depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Essa estratégia não é casual – Cid tem sido peça-chave na delação que envolve militares e membros do governo anterior, o que pode influenciar diretamente a posição da defesa.
O pedido também inclui a extensão do prazo por pelo menos 15 dias, contados a partir do momento em que a defesa de Mauro Cid for protocolada. Mas por que essa espera é tão crucial? Seria uma tentativa de ajustar a estratégia com base no que será dito pelo ex-ajudante de ordens?
Uma jogada para ganhar tempo ou algo maior?
Não é a primeira vez que a defesa tenta adiar a resposta. No mês passado, Alexandre de Moraes já havia negado uma solicitação similar, indicando que a Suprema Corte quer manter o ritmo das investigações. Entretanto, agora os advogados de Braga Netto apresentam um novo argumento: a necessidade de garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório, previstos na Constituição.
O Habeas Corpus 166.373,7, citado pela defesa, sustenta que o réu tem o direito de se manifestar apenas depois do delator, para que possa construir uma resposta adequada. A questão levanta um impasse jurídico: negar o pedido poderia ser interpretado como uma restrição ao direito de defesa?
O temor da defesa: o que Mauro Cid pode revelar?
A relutância da defesa de Braga Netto em apresentar sua manifestação antes do depoimento de Cid sugere um fator crucial: o que ele dirá pode mudar tudo.
Cid já fez acusações comprometedoras contra militares e aliados de Bolsonaro em delações anteriores. Se trouxer novos elementos ao caso, a estratégia de Braga Netto pode precisar ser reformulada. Isso explicaria a resistência em se pronunciar antes que todas as cartas estejam na mesa.
A defesa parece evitar um movimento prematuro que possa ser usado contra seu cliente. Esse receio reforça as especulações de que o depoimento de Cid pode trazer novas revelações de peso sobre a suposta tentativa de golpe.
A pressão sobre Moraes e o STF
A petição da defesa não se limita ao pedido de adiamento. Caso a solicitação seja novamente negada por Alexandre de Moraes, os advogados querem que a decisão seja analisada pela 1ª Turma do STF, e não apenas pelo ministro de forma monocrática.
Esse movimento revela um possível desconforto com a condução do caso por Moraes, sugerindo que a defesa busca uma nova avaliação para tentar reverter a negativa anterior. O STF se encontra, assim, em uma posição delicada: ceder ao pedido poderia atrasar o caso, mas negar pode gerar contestações sobre o direito de defesa de Braga Netto.
Um jogo de xadrez no centro do poder
Essa nova movimentação jurídica evidencia que o caso da suposta tentativa de golpe não será resolvido tão cedo. Com cada peça que se move, surgem novas possibilidades e reviravoltas.
O que se esconde por trás dessa estratégia da defesa? Seria apenas um artifício para ganhar tempo ou há informações comprometedoras que ainda não vieram à tona?
Agora, todos os olhos estão voltados para a decisão de Alexandre de Moraes e para o aguardado depoimento de Mauro Cid, que pode mudar completamente os rumos da investigação.