Vaza a "trama" do Planalto contra Trump

Gustavo Mendex


 O governo brasileiro está em alerta máximo para garantir que o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus ministros esteja alinhado diante das recentes medidas anunciadas por Donald Trump, que impactam diretamente o Brasil. A principal preocupação do Palácio do Planalto é evitar qualquer escalada retórica que possa levar a uma guerra comercial entre os dois países, especialmente diante da imposição de novas sobretaxas sobre o aço e o alumínio brasileiros, prevista para entrar em vigor a partir de março.


A articulação desse alinhamento está sob a coordenação do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira. Ele tem orientado os integrantes do governo a adotarem um tom de cautela e maturidade, reforçando que ainda há espaço para negociações até que as medidas de Trump comecem a ser aplicadas. Nos bastidores, a recomendação é para que nenhuma declaração seja feita de forma precipitada, evitando reações que possam ser interpretadas como uma provocação por parte dos Estados Unidos.

Para Sidônio, um embate comercial não traria benefícios para nenhum dos lados e poderia prejudicar setores estratégicos da economia brasileira. A ideia, portanto, é manter o diálogo aberto e buscar uma solução diplomática antes que as sobretaxas entrem em vigor. O governo brasileiro vê a possibilidade de negociar um acordo de cotas para a exportação de aço, modelo que já foi adotado em 2018, durante o primeiro mandato de Trump. Na ocasião, o Brasil conseguiu contornar barreiras tarifárias ao estabelecer limites para a exportação de seus produtos siderúrgicos.

Internamente, Sidônio Palmeira tem elogiado a postura do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que adotou um tom moderado ao falar sobre o assunto. Em entrevista concedida na última terça-feira (11), Padilha enfatizou que o Brasil não pretende entrar em confronto com os Estados Unidos e reforçou a importância do livre comércio para ambas as nações. Ele afirmou que guerras comerciais são prejudiciais a todos os envolvidos e que a prioridade do governo brasileiro é manter boas relações econômicas com seus parceiros internacionais.

O posicionamento de Padilha reflete a estratégia do Planalto de evitar discursos mais duros que possam tensionar ainda mais a relação entre Brasil e Estados Unidos. O receio dentro do governo é que declarações mais enfáticas acabem sendo usadas como justificativa para um endurecimento ainda maior da postura de Trump, que tem adotado medidas protecionistas como parte de sua estratégia política para as eleições presidenciais nos EUA.

A equipe econômica de Lula acompanha a situação com preocupação, mas mantém uma visão otimista sobre a possibilidade de uma solução negociada. Assessores do governo acreditam que há espaço para costurar um acordo que minimize os impactos das tarifas impostas por Trump, garantindo que a indústria brasileira não seja tão afetada. A estratégia passa por um intenso trabalho diplomático nos próximos meses, com articulações junto a representantes do governo norte-americano e do setor privado.

Além da questão do aço e do alumínio, o governo brasileiro também avalia os possíveis desdobramentos dessa nova política protecionista dos Estados Unidos em outros setores. Há um temor de que Trump, caso reeleito, amplie barreiras comerciais para outros produtos brasileiros, como commodities agrícolas. Diante desse cenário, a diplomacia brasileira já começa a se preparar para um ambiente comercial mais desafiador, buscando fortalecer relações com outros mercados e diversificar suas exportações.

Nos próximos dias, Lula deverá se reunir com sua equipe para definir os próximos passos na condução dessa crise. O presidente tem sido aconselhado a manter um discurso conciliador e a destacar a importância da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos. O governo sabe que qualquer resposta precipitada pode comprometer as negociações em curso e dificultar a busca por uma solução que atenda aos interesses brasileiros.

A mobilização do Planalto mostra que o Brasil pretende adotar uma abordagem pragmática diante das novas barreiras impostas por Trump. O foco está em evitar conflitos desnecessários e encontrar um caminho que preserve os interesses econômicos do país. Nos bastidores, há um consenso de que a melhor saída é a diplomacia e que qualquer movimento brusco pode trazer prejuízos a longo prazo.

A expectativa é de que as conversas entre os dois países avancem até março, quando as tarifas devem entrar em vigor. Até lá, o governo brasileiro seguirá trabalhando para construir um consenso e evitar que a tensão comercial se agrave. Lula e sua equipe sabem que o momento exige habilidade política e paciência para lidar com um cenário global cada vez mais complexo.
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