O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pode estar diante de um dilema inusitado. Com sua postura firme na condução de investigações sobre supostas ameaças à democracia brasileira, surge agora um questionamento provocativo: ele teria coragem de incluir Donald Trump em seus inquéritos?
O cenário ganha novos contornos com o processo movido nos Estados Unidos contra Moraes pela empresa de mídia do ex-presidente americano e pela plataforma de vídeos Rumble. A ação alega que o ministro teria violado a soberania americana, o que desencadeou reações divergentes no meio jurídico e político.
Na Globo News, a jornalista Mônica Waldvogel demonstrou certa inquietação ao abordar o assunto. Ela minimizou a relevância do caso e afirmou que dificilmente teria desdobramentos significativos no Brasil. Outro comentarista reforçou essa posição, argumentando que o Supremo Tribunal Federal já esperava esse tipo de movimentação por parte de Trump, classificando-a como uma estratégia política sem efeito jurídico relevante.
O ex-procurador Deltan Dallagnol, por sua vez, fez uma análise crítica sobre a situação. Segundo ele, a postura do STF em tentar desqualificar a ação judicial nos Estados Unidos demonstra que há, sim, uma preocupação real com suas possíveis consequências. Para Dallagnol, se o Supremo tivesse segurança sobre a irrelevância do caso, simplesmente ignoraria a questão em vez de recorrer à imprensa para tentar enfraquecer a narrativa adversária. Ele comparou a reação com a forma como Moraes lidou com o empresário Elon Musk, enfatizando que, diante de Trump, a estratégia teve que ser diferente.
A controvérsia levanta debates sobre os limites da atuação de Moraes e a influência de sua postura em âmbito internacional. O ministro, que se consolidou como um dos principais protagonistas na cena jurídica e política do Brasil nos últimos anos, vem sendo alvo de críticas e elogios por sua atuação incisiva no combate ao que considera ameaças institucionais.
O processo movido nos Estados Unidos adiciona uma nova camada de complexidade ao embate entre a Suprema Corte brasileira e atores políticos e empresariais estrangeiros. A ação pode provocar repercussões tanto na relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos quanto no próprio cenário político interno. Ainda não está claro quais desdobramentos ocorrerão, mas o fato é que a pressão internacional sobre Moraes se intensifica, e o desenrolar do caso será acompanhado com atenção tanto por seus aliados quanto por seus críticos.
Diante desse contexto, permanece a pergunta que movimenta os bastidores: Alexandre de Moraes seguirá sua linha de atuação e enfrentará essa nova disputa, ou adotará uma postura mais cautelosa frente ao ex-presidente dos Estados Unidos?