Novo presidente da Câmara deixa advogados lulistas em completo "parafuso"

Caio Tomahawk


A eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara dos Deputados mal ocorreu, e suas primeiras declarações já geraram forte reação entre setores da esquerda. Em um posicionamento firme, o novo presidente da Casa afirmou que os eventos de 8 de janeiro de 2023 não caracterizaram uma tentativa de golpe de Estado, o que irritou advogados ligados ao governo Lula, especialmente os integrantes do grupo Prerrogativas.

O coletivo, conhecido por sua defesa de pautas progressistas e sua proximidade com o Palácio do Planalto, não demorou a responder. Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo, criticou duramente a declaração de Motta e afirmou que ele "derrapou na largada". Carvalho deixou claro que pretende buscar um diálogo com o novo presidente da Câmara para debater o tema de maneira que considera respeitosa.

“Hugo se elegeu com a segunda maior votação da história e teve o apoio de deputados do campo democrático. Fez um aceno para os extremistas, mas esqueceu do outro lado. Vamos procurá-lo para um debate saudável sobre o tema”, declarou o advogado, reforçando sua insatisfação com a postura de Motta.

O posicionamento do novo presidente da Câmara foi interpretado como um gesto aos parlamentares da oposição, que há tempos denunciam abusos e excessos cometidos no tratamento dos investigados pelos atos de 8 de janeiro. Desde que assumiu o cargo, Motta vem deixando claro que pretende conduzir a Câmara de forma independente, sem se curvar a pressões do Executivo ou de grupos alinhados ao governo.

Para os advogados lulistas, no entanto, essa independência já está se mostrando um problema. Marco Aurélio Carvalho afirmou que a posição de Motta vai contra o que considera um "consenso democrático" sobre a gravidade dos atos ocorridos em Brasília no início de 2023. O advogado ironizou a formação profissional do presidente da Câmara, que é médico, e sugeriu que ele deveria examinar os fatos com mais rigor antes de emitir opiniões sobre o assunto.

"Como bom médico que é, talvez fosse o caso de ele ‘examinar’ os pacientes, os sintomas, os exames… Ou fazer uma leitura atenta e consultar um bom advogado", disse Carvalho, em tom de deboche.

A declaração demonstra o incômodo que o novo comando da Câmara já começa a gerar em setores ligados ao governo. A ascensão de Motta ao cargo mais alto da Casa não foi bem recebida por alguns parlamentares da base governista, que esperavam um nome mais alinhado às diretrizes do Planalto. No entanto, a ampla votação que garantiu sua eleição demonstra que ele conseguiu unir diferentes alas da Câmara, incluindo deputados do Centrão e da oposição.

Nos bastidores, aliados do presidente Lula acompanham com preocupação os primeiros passos de Motta no cargo. A Câmara é peça-chave na articulação política do governo, e um presidente que não se submeta facilmente aos interesses do Executivo pode representar um grande desafio para a aprovação de projetos estratégicos.

A tensão entre o grupo Prerrogativas e o novo presidente da Câmara é um reflexo das disputas de poder que marcam a política nacional. Enquanto Hugo Motta sinaliza para uma postura mais equilibrada e independente, setores da esquerda demonstram desconforto com qualquer tentativa de questionar a narrativa oficial sobre o 8 de janeiro.

Diante desse cenário, a reação dos advogados lulistas ao posicionamento de Motta pode ser apenas o começo de um embate maior entre a nova presidência da Câmara e os setores governistas. O jogo político está apenas começando, e a postura firme do novo presidente da Casa pode significar mudanças importantes na relação entre os poderes.

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