Durante a eleição para a presidência do Senado, um momento inesperado marcou a sessão quando o senador Marcos Do Val, do Podemos-ES, fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar, conhecido por suas posições firmes, surpreendeu os presentes ao desenrolar uma longa lista de supostas "violações" cometidas pelo magistrado. O documento, estendido sobre o púlpito do plenário, chamou a atenção dos demais senadores e gerou reações diversas no Congresso.
No início de sua fala, Do Val criticou o que classificou como "perseguição política" contra a direita, acusando Moraes de agir de forma autoritária. Segundo ele, as ações do ministro configurariam um crime contra a humanidade e poderiam, no futuro, ser julgadas pelo Tribunal Penal Internacional. Em seu discurso, ele ressaltou que a atual gestão do Senado teria sido conivente com essa situação, permitindo que o que chamou de "ditadura da toga" se consolidasse no país.
"Perseguição política, que é claro que o ministro Alexandre de Moraes está fazendo com a direita, é crime contra a humanidade. O Tribunal Penal Internacional, no momento certo, tornará isso público. O que estamos presenciando hoje é a ditadura da toga, que infelizmente contou com a conivência da atual gestão do Senado Federal. Eu não estou aqui dizendo que vai ter vingança. Nós precisamos seguir a Constituição, ponto", afirmou o senador em tom enérgico.
O momento em que Do Val revelou sua lista de acusações contra o ministro foi um dos mais marcantes da sessão. O documento, repleto de anotações e alegações contra Moraes, foi exibido ao longo do púlpito, gerando murmúrios entre os parlamentares. Alguns senadores pareciam perplexos com a atitude, enquanto outros observavam com atenção. O gesto, incomum em um evento desse porte, reforçou o caráter polêmico de sua manifestação.
Inicialmente, o senador pretendia iniciar um discurso sobre o "direito ao voto", mas optou por expor a lista antes de prosseguir. Essa decisão ampliou ainda mais a repercussão do episódio, levando a debates acalorados nos corredores do Senado. Entre os aliados do parlamentar, houve apoio à sua atitude, com alguns senadores reforçando as críticas ao Supremo Tribunal Federal e defendendo maior independência do Legislativo em relação ao Judiciário.
No entanto, a cena também gerou reações contrárias. Senadores que apoiam o ministro Alexandre de Moraes consideraram a atitude de Do Val um ataque direto ao STF e uma tentativa de desestabilizar a relação entre os poderes. Para alguns parlamentares, o discurso foi um desrespeito às instituições democráticas e um incentivo à polarização política. Nos bastidores, especula-se que a atitude do senador pode gerar desdobramentos, incluindo possíveis representações contra ele no Conselho de Ética do Senado.
A repercussão do caso se estendeu para além do Congresso, alcançando rapidamente as redes sociais. Apoiadores de Do Val elogiaram sua coragem ao enfrentar o que consideram abusos do Supremo, enquanto críticos classificaram sua atitude como um espetáculo midiático sem embasamento jurídico. O episódio também reacendeu o debate sobre os limites da atuação do STF e a relação entre os poderes da República, um tema recorrente nos últimos anos.
Apesar da controvérsia, o senador manteve sua posição e afirmou que continuará denunciando o que considera irregularidades no Judiciário. Em entrevistas após a sessão, ele reiterou suas acusações contra Moraes e defendeu que o Senado assuma um papel mais ativo na fiscalização das ações do Supremo. Para Do Val, a independência entre os poderes não pode significar omissão diante de possíveis excessos.
O episódio ocorre em um momento de grande tensão política no Brasil, com a relação entre o Legislativo e o Judiciário frequentemente marcada por embates. O Supremo Tribunal Federal tem sido alvo de críticas por parte de parlamentares alinhados à direita, que acusam a Corte de extrapolar suas funções e interferir em decisões políticas. Por outro lado, ministros do STF defendem que suas ações têm o objetivo de garantir a Constituição e combater ameaças à democracia.
A eleição para a presidência do Senado, que já era aguardada com expectativa, ganhou contornos ainda mais intensos com a manifestação de Do Val. A cena do senador desenrolando sua lista de acusações contra Moraes ficará marcada como um dos momentos mais simbólicos da sessão, evidenciando as tensões entre os poderes e a crescente polarização no cenário político nacional.
Enquanto os desdobramentos do caso ainda são incertos, uma coisa é certa: a atitude de Marcos Do Val não passará despercebida e deve continuar sendo pauta de discussões dentro e fora do Congresso nos próximos dias.