Os gastos do governo federal com diárias e passagens atingiram um novo patamar em 2024, alcançando a marca de R$ 3,58 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional analisados pelo site Poder360. Esse valor representa um aumento real de 2,9% em relação ao mesmo período de 2023, quando o montante ajustado pela inflação foi de R$ 3,48 bilhões. Trata-se do maior gasto desde 2014, durante o governo Dilma Rousseff, quando o custeio com deslocamentos oficiais somou R$ 4,34 bilhões.
O aumento dos gastos com viagens na gestão Lula da Silva chama atenção, especialmente quando comparado ao governo anterior. Entre 2019 e 2022, sob a administração de Jair Bolsonaro, os custos com diárias e passagens foram de R$ 3,91 bilhões no total, o que significa que, em apenas dois anos, a atual gestão já gastou quase o dobro desse montante.
Os números revelam um crescimento progressivo nas despesas com deslocamentos, o que pode estar relacionado à retomada de viagens oficiais após o período de restrições causadas pela pandemia de covid-19. Além disso, o governo Lula tem adotado uma política de reforço da presença do Estado em diferentes regiões do país e no exterior, o que exige mais deslocamentos de autoridades, servidores e assessores.
Entre os principais beneficiários dessas despesas estão órgãos do Executivo Federal, incluindo ministérios e autarquias, que utilizam os recursos para enviar funcionários em missões oficiais, eventos, reuniões e ações de fiscalização. As viagens internacionais de ministros e do próprio presidente também impactam esses números, uma vez que envolvem custos elevados com passagens, hospedagem e diárias para as equipes que os acompanham.
O aumento nos gastos com diárias e passagens também reflete a ampliação da participação do Brasil em fóruns internacionais e eventos multilaterais. A política externa do governo Lula tem sido marcada por um esforço de reposicionamento do país no cenário global, o que tem demandado a presença de representantes brasileiros em diversos encontros diplomáticos. Além disso, o Executivo tem intensificado agendas internas, promovendo eventos e visitas a estados brasileiros para acompanhamento de obras e programas governamentais.
Apesar do crescimento nos gastos, o governo argumenta que as viagens são essenciais para a execução de políticas públicas e para garantir a presença do Estado em diferentes regiões. Segundo integrantes da administração federal, a fiscalização de projetos, a participação em eventos estratégicos e as reuniões presenciais são fundamentais para o funcionamento da máquina pública. No entanto, críticos apontam que os custos elevados poderiam ser reduzidos com maior controle e alternativas como reuniões virtuais, quando aplicáveis.
A comparação com o governo anterior gera debate entre apoiadores e opositores. Enquanto aliados de Bolsonaro destacam que sua gestão priorizou a contenção de gastos e a redução de despesas com viagens, defensores do atual governo argumentam que o corte drástico nos deslocamentos pode ter prejudicado a fiscalização e o acompanhamento de projetos em diferentes regiões do país.
Os dados indicam que a tendência de aumento nos gastos pode continuar nos próximos anos, especialmente se o governo mantiver sua estratégia de ampliar a atuação do Estado em nível nacional e internacional. A gestão Lula tem reforçado a importância de uma presença ativa do governo em diversas frentes, o que pode justificar o crescimento das despesas com deslocamentos.
O tema também levanta questionamentos sobre a necessidade de maior transparência e controle sobre os gastos públicos. Especialistas apontam que, embora as viagens sejam essenciais para a administração pública, é fundamental que haja mecanismos de monitoramento para evitar desperdícios e garantir que os recursos sejam utilizados de forma eficiente.
Em um cenário de desafios econômicos, o aumento das despesas com diárias e passagens pode gerar discussões sobre a prioridade de gastos dentro do orçamento federal. Com o avanço de novas tecnologias e a possibilidade de adoção de soluções mais econômicas, o debate sobre a gestão eficiente dos recursos públicos deve permanecer em pauta, especialmente à medida que o governo enfrenta pressões por equilíbrio fiscal e responsabilidade no uso do dinheiro público.
Os próximos meses serão decisivos para avaliar se a tendência de alta nos gastos com viagens se manterá ou se o governo adotará medidas para conter essas despesas. Enquanto isso, a comparação entre gestões e a análise sobre a necessidade desses deslocamentos continuarão sendo pontos de discussão entre governo, oposição e sociedade.