A Presidência da República destinou ao menos R$ 24 mil para custear as diárias de quatro assessores que acompanharam a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, em uma viagem oficial a Roma. A comitiva participou da reunião de governança do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, realizada entre os dias 10 e 12 de fevereiro na capital italiana. Esse valor cobre exclusivamente as diárias dos auxiliares, sem incluir despesas com passagens aéreas e hospedagem.
A equipe de Janja foi composta por Claudio Adão Souza, Taynara Cunha, Edson Pinto e Julia Silva, todos servidores da Presidência da República. Cada um deles recebeu R$ 6 mil, referentes a 2,5 diárias internacionais. O governo autorizou o afastamento dos assessores entre os dias 9 e 14 de fevereiro para a missão oficial. Apesar dos questionamentos sobre os custos totais da viagem, incluindo passagens e estadia, a Presidência não forneceu detalhes e encaminhou a demanda para a assessoria de Janja, que também não se manifestou.
A primeira-dama viajou a convite do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, que formalizou sua participação no evento. O ministério informou que os gastos da comitiva serão divulgados no Diário Oficial da União, sem previsão exata para a publicação.
Nos últimos meses, a participação de Janja em eventos internacionais tem se tornado mais frequente, e a expectativa é de que esse envolvimento aumente ao longo de 2025. Entre suas principais agendas futuras estão compromissos relacionados à COP30, a conferência do clima da ONU, e a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa lançada pelo presidente Lula durante o encontro do G20 no ano passado. Em novembro de 2024, no lançamento oficial da Aliança Global no Rio de Janeiro, Janja organizou um festival cultural que ficou conhecido como "Janjapalooza", atraindo grande atenção da mídia e gerando debates sobre sua influência dentro do governo.
Além de participar da reunião do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, Janja deve se encontrar nesta quarta-feira com o papa Francisco e com a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos da ONU. Seu retorno ao Brasil está previsto para a quinta-feira.
A transparência sobre os compromissos e os gastos da primeira-dama tem sido alvo de questionamentos desde o início do governo Lula. Apenas recentemente ela passou a divulgar sua agenda institucional, compartilhando compromissos em sua conta no Instagram. A iniciativa surgiu após críticas sobre a falta de clareza em torno de suas atividades e das despesas associadas às suas viagens oficiais.
Desde 2023, parlamentares e órgãos de controle vêm cobrando mais transparência sobre os gastos relacionados à primeira-dama, especialmente em suas viagens e eventos. A presença de Janja ao lado do presidente Lula em compromissos internacionais e reuniões oficiais tem alimentado discussões sobre seu papel dentro do governo. Apesar de não ocupar um cargo formal, sua atuação tem se aproximado cada vez mais da administração pública.
O sigilo sobre os custos de suas viagens também tem gerado debates. Em um caso recente, o governo se recusou a divulgar informações sobre as despesas da primeira-dama durante uma viagem a Nova York, onde integrou a comitiva brasileira do Ministério das Mulheres para a 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher na ONU. A negativa em fornecer detalhes reacendeu discussões sobre a necessidade de mais transparência nos gastos envolvendo Janja.
A viagem a Roma reforça sua crescente influência dentro do governo. Com uma participação ativa em eventos internacionais e iniciativas sociais, a primeira-dama tem ampliado sua presença na agenda política do país. No entanto, as críticas sobre os custos de suas viagens e a falta de informações detalhadas sobre suas despesas continuam gerando controvérsias e dividindo opiniões dentro e fora do governo.