O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira uma nova medida tarifária que impacta diretamente a indústria siderúrgica brasileira. De acordo com o decreto assinado por Trump, todas as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos estarão sujeitas a uma tarifa de 25% a partir de 12 de março. A decisão representa um grande desafio para o Brasil, que é o segundo maior exportador de aço para o mercado americano e tem os Estados Unidos como destino de 60% de suas exportações siderúrgicas.
Essa não é a primeira vez que uma decisão semelhante parte da Casa Branca. Em dezembro de 2019, Trump havia anunciado uma medida parecida, mas na ocasião, o então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, conseguiu reverter a decisão. Bolsonaro destacou na época que mantinha um canal direto de diálogo com Trump e afirmou que tomaria providências para evitar prejuízos ao Brasil.
“Vou conversar com o (ministro da Fazenda Paulo) Guedes agora, e se for o caso, ligo para o Trump, porque tenho canal aberto com ele”, afirmou Bolsonaro à época, demonstrando confiança na resolução do impasse.
A estratégia do governo brasileiro funcionou, e Trump acabou desistindo da tarifação contra o aço e o alumínio brasileiros. No final de dezembro de 2019, Bolsonaro confirmou o sucesso da negociação em uma transmissão ao vivo, relatando detalhes da conversa que teve com o então presidente americano.
“Tive a grata satisfação de receber telefonema do presidente Trump, uma conversa de 15 minutos. Entendi o que ele queria e pretendia fazer e dei meus argumentos para ele. Ele se convenceu dos meus argumentos e decidiu dizer a nós todos que nosso aço e nosso alumínio não serão sobretaxados. Dessa forma, a nossa política continua sendo a melhor possível”, declarou Bolsonaro, comemorando a vitória diplomática.
Agora, a situação é diferente. O Brasil é governado por Luiz Inácio Lula da Silva, que ao longo dos últimos anos tem adotado uma postura crítica em relação aos Estados Unidos e, particularmente, a Donald Trump. Em diversas ocasiões, Lula fez declarações polêmicas sobre a política externa americana, posicionando-se contra algumas decisões de Washington e demonstrando alinhamento com países que têm relações mais frias com os Estados Unidos.
Esse cenário coloca em dúvida a capacidade do atual governo brasileiro de negociar uma reversão da tarifa imposta por Trump. Diferente de Bolsonaro, que conseguiu manter um diálogo aberto e influenciar a decisão do presidente americano, Lula pode enfrentar dificuldades para encontrar uma solução que evite prejuízos à indústria nacional.
A nova tarifa representa um risco significativo para a economia brasileira, principalmente para o setor siderúrgico, que pode perder competitividade no mercado americano. A medida também pode gerar impactos na geração de empregos e no crescimento econômico do país, aumentando a pressão sobre o governo para buscar alternativas diplomáticas que minimizem os danos causados pela decisão de Trump.
Sem um canal direto de comunicação com o presidente americano e sem o histórico de negociações bem-sucedidas que Bolsonaro possuía, Lula enfrenta agora um grande teste na política externa. A forma como o governo lidará com essa situação será determinante para avaliar sua capacidade de proteger os interesses comerciais do Brasil em um cenário internacional cada vez mais desafiador.
A expectativa é que o governo brasileiro se manifeste nos próximos dias sobre quais estratégias serão adotadas para lidar com a imposição das novas tarifas. Enquanto isso, empresários do setor siderúrgico já demonstram preocupação com os possíveis impactos da medida e aguardam um posicionamento firme do Palácio do Planalto para evitar prejuízos ainda maiores para a economia nacional.