O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (18) que não está preocupado com uma possível denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele. O ex-mandatário foi indiciado pela Polícia Federal sob a suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado e poderá ser formalmente denunciado pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se ele se tornará réu no caso.
"Eu não tenho nenhuma preocupação com essas acusações, zero", afirmou Bolsonaro a jornalistas no Senado, logo após participar de um almoço com senadores aliados.
O vazamento da informação de que a PGR está prestes a oficializar a denúncia gerou grande repercussão nos bastidores políticos de Brasília. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve protocolar a ação ainda nesta semana, o que aumentará a pressão sobre o ex-presidente e seu grupo político.
Bolsonaro enfrenta três investigações conduzidas pela Polícia Federal, e a PGR avalia quais serão os desdobramentos judiciais. Os inquéritos envolvem a suposta tentativa de golpe de Estado, a fraude em certificados de vacinação e o escândalo das joias sauditas, que teriam sido vendidas ilegalmente no exterior. A defesa do ex-presidente acredita que a denúncia é quase certa nos dois primeiros casos, mas ainda há esperança de que o caso das joias não resulte em uma acusação formal.
O caso da tentativa de golpe de Estado é o mais sensível. Segundo as investigações, Bolsonaro teria participado de reuniões para discutir meios de interferir no resultado das eleições de 2022. A Polícia Federal coletou mensagens e depoimentos que indicam que houve articulação de militares e assessores próximos do ex-presidente para questionar a legitimidade do pleito.
No caso da fraude nos certificados de vacinação, a investigação aponta que Bolsonaro e aliados teriam inserido dados falsos no sistema do Ministério da Saúde para burlar restrições de viagem impostas a quem não estava imunizado contra a Covid-19. A fraude teria sido organizada por assessores diretos do ex-presidente, que negou qualquer envolvimento direto.
Já o escândalo das joias sauditas envolve a venda de presentes recebidos por Bolsonaro durante o seu mandato. Peças de alto valor, que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio da União, teriam sido negociadas no exterior, e os valores obtidos teriam sido repassados a aliados do ex-presidente. O caso levantou suspeitas de corrupção e enriquecimento ilícito.
Diante da iminência de uma denúncia formal, aliados de Bolsonaro buscam minimizar o impacto político das ações judiciais. Parlamentares da oposição afirmam que se trata de uma perseguição política e que a investigação tem motivações ideológicas. No entanto, juristas avaliam que as provas reunidas pela Polícia Federal são robustas e podem dificultar a defesa do ex-presidente nos tribunais.
Caso a PGR apresente a denúncia e o STF aceite a ação, Bolsonaro se tornaria réu e teria que responder judicialmente pelos crimes apontados. Isso poderia trazer impactos para o futuro político do ex-presidente, que já enfrenta outras restrições legais, como a inelegibilidade determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023.
Nos bastidores, há uma discussão sobre como Bolsonaro deve reagir caso seja denunciado. Alguns aliados defendem uma postura mais combativa, denunciando o que chamam de "perseguição política". Outros acreditam que o melhor caminho é focar na defesa jurídica e evitar confrontos públicos que possam prejudicar ainda mais sua situação.
Por enquanto, Bolsonaro segue adotando um discurso de tranquilidade e reafirmando sua inocência. O ex-presidente já declarou em diversas ocasiões que não tem medo das investigações e que confia na Justiça. Seus advogados preparam estratégias para contestar as acusações e tentar evitar um desdobramento judicial mais grave.
Os próximos dias serão decisivos para o futuro político e jurídico de Bolsonaro. A expectativa é que a PGR finalize a análise das provas e oficialize sua decisão em breve. Enquanto isso, a oposição observa atentamente os desdobramentos e avalia como a situação pode impactar o cenário político brasileiro.
