A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de envolvimento em um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin. De acordo com a denúncia assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro teria recebido e anuído com um documento que mencionava os assassinatos dessas autoridades.
A peça acusatória não apresenta provas concretas de que Bolsonaro tenha ordenado ou planejado ativamente as ações descritas, mas sustenta que ele estava ciente do plano e não tomou medidas para impedi-lo. Essa informação tem gerado debates acalorados no meio político e jurídico, com apoiadores do ex-presidente alegando perseguição política e seus opositores cobrando rigor na investigação.
O documento apresentado pela PGR faz parte de um conjunto de denúncias que também incluem a acusação de Bolsonaro liderar uma trama golpista para se manter no poder após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022. No total, 33 pessoas foram denunciadas, incluindo militares e ex-ministros próximos ao ex-presidente. As penas máximas previstas para os crimes apontados na denúncia chegam a 43 anos de prisão.
A reação à denúncia foi imediata. Em nota, os advogados de Bolsonaro negaram todas as acusações e afirmaram que não há qualquer elemento que comprove a participação do ex-presidente em um plano de assassinato. Segundo a defesa, o documento mencionado pela PGR não passa de uma especulação sem fundamento jurídico. O ex-presidente, que está nos Estados Unidos, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
No meio político, a oposição a Bolsonaro aproveitou a denúncia para reforçar a necessidade de responsabilização do ex-presidente por suas ações durante e após seu mandato. Parlamentares da base governista classificaram as revelações como gravíssimas e defenderam um aprofundamento das investigações. O Partido dos Trabalhadores (PT) publicou uma nota oficial condenando o suposto plano e pedindo providências urgentes por parte do STF e demais instituições responsáveis pela segurança nacional.
Por outro lado, aliados de Bolsonaro criticaram duramente a denúncia, classificando-a como mais um capítulo de perseguição judicial. O senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, afirmou que as acusações são absurdas e fazem parte de uma estratégia para impedir que seu pai volte a concorrer em eleições futuras. Outros parlamentares da oposição também manifestaram apoio a Bolsonaro e acusaram a PGR de agir politicamente.
A denúncia também reacendeu discussões sobre a atuação do STF no julgamento de figuras políticas de grande relevância. Especialistas avaliam que o julgamento de Bolsonaro pode ocorrer ainda este ano, antes do início do calendário eleitoral de 2026, o que poderia influenciar diretamente o cenário político brasileiro. Alguns juristas apontam que, se condenado, o ex-presidente pode perder seus direitos políticos por um longo período, o que inviabilizaria uma nova candidatura à presidência.
Enquanto isso, movimentos sociais e entidades da sociedade civil têm se manifestado sobre a gravidade das acusações. Organizações ligadas à defesa da democracia alertam para a necessidade de transparência no processo judicial e cobram punições severas caso as denúncias sejam confirmadas. Já grupos conservadores e apoiadores de Bolsonaro organizam mobilizações para demonstrar solidariedade ao ex-presidente e contestar as acusações.
No Congresso Nacional, o tema também domina as discussões. Alguns parlamentares cogitam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as alegações da PGR e entender a extensão da suposta trama golpista. Caso a CPI seja instaurada, novos elementos poderão vir à tona e impactar ainda mais o já turbulento cenário político brasileiro.
A PGR ainda não detalhou os próximos passos do processo, mas fontes próximas ao órgão indicam que novas diligências podem ser solicitadas para aprofundar as investigações. A expectativa é que o STF analise a denúncia e decida se aceita ou não o pedido de abertura de ação penal contra Bolsonaro e os demais acusados.
Independentemente do desfecho, a denúncia reforça a polarização política no Brasil e coloca o ex-presidente no centro de mais uma controvérsia. Se as acusações forem aceitas pelo STF, Bolsonaro poderá enfrentar um dos maiores desafios de sua trajetória política. O desdobramento do caso será fundamental para definir não apenas o futuro do ex-presidente, mas também os rumos da política brasileira nos próximos anos.