Na última quarta-feira (12), uma intensa troca de farpas tomou conta das redes sociais entre o deputado federal Mario Frias (PL-SP) e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). O embate teve início após Frias criticar a operação Lava Jato, levantando um debate acalorado sobre o legado da força-tarefa e suas implicações para as liberdades individuais.
A discussão começou a ganhar força quando Moro respondeu a uma postagem de Frias feita dois dias antes, na segunda-feira (10). No comentário, o deputado criticava os chamados “lavajatistas”, acusando-os de querer conceder “poderes absolutos a juízes e promotores não eleitos” que, segundo ele, prendiam cidadãos comuns sob o pretexto de combater a corrupção. Frias sugeriu que a Lava Jato teria abusado de suas prerrogativas e representaria um risco às liberdades individuais.
A publicação encontrou eco entre figuras conservadoras, incluindo Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que demonstrou apoio à crítica feita pelo deputado. “Os movimentos estão tão claros”, escreveu Carlos Bolsonaro, sugerindo que há uma articulação em torno do tema.
Sergio Moro, no entanto, não ignorou as declarações de Frias e reagiu com ironia, provocando ainda mais a discussão. O ex-juiz da Lava Jato relembrou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atacou a trajetória do deputado. “A Lava Jato prendeu o Lula, enquanto você fazia papel de palhaço na televisão. Divergências à parte, o adversário é novamente o Governo Lula e não a direita”, disparou o senador.
A resposta de Moro inflamou ainda mais Frias, que respondeu de forma dura e agressiva, elevando o tom do embate. O deputado chamou o ex-juiz de “merdinha” e “cretino covarde”, acusando-o de não ter tido coragem para defender Deltan Dallagnol (Novo) durante o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que resultou na cassação do ex-procurador da Lava Jato.
“O senador pensa apenas no próprio rabo”, declarou Frias, acusando Moro de agir de maneira subserviente ao Judiciário. Ele afirmou ainda que o ex-juiz teria criado precedentes jurídicos que hoje estariam sendo utilizados contra figuras da direita, especialmente em processos que envolvem perseguições políticas.
A discussão não parou por aí. Frias continuou os ataques ao senador em novas postagens, utilizando termos ainda mais agressivos. Ele chamou Moro de “bosta” e “escória moral da nação”, alegando que o senador não merecia os votos da direita e que apoia “prisões por críticas e opiniões”.
O confronto entre os dois políticos reflete uma divisão crescente dentro do campo conservador. Enquanto Moro tenta manter sua posição como um dos principais nomes da direita no combate à corrupção, Frias e outros aliados do bolsonarismo vêm questionando o papel do ex-juiz e suas decisões no passado. A Lava Jato, que já foi um símbolo de combate à corrupção, tem sido alvo de críticas por parte de setores que apontam seus excessos e consequências políticas.
O embate também evidencia as tensões entre diferentes grupos da direita brasileira, que se encontram em disputa sobre o rumo do movimento. Para alguns, Moro ainda é um símbolo da luta contra a corrupção e um nome relevante para enfrentar o governo Lula. Para outros, como Frias, o senador se tornou um político comprometido com o sistema que ele mesmo ajudou a criar, se distanciando das pautas bolsonaristas e conservadoras.
A troca de acusações entre os dois ganhou ampla repercussão nas redes sociais, dividindo opiniões entre apoiadores de Moro e de Frias. Enquanto alguns internautas defenderam o ex-juiz e seu papel na Lava Jato, outros concordaram com as críticas do deputado, apontando o que consideram contradições na trajetória política de Moro.
O episódio marca mais um capítulo das disputas internas na direita brasileira e reforça o desgaste da relação entre antigos aliados. Mesmo dentro do campo conservador, as divergências sobre o papel da Lava Jato e a condução da política nacional continuam a gerar conflitos e disputas públicas, evidenciando as dificuldades de unificação do grupo diante do cenário político atual.