A "carta na manga" de Bolsonaro será devastadora para a esquerda em 2026

Gustavo Mendex


 A movimentação política para a eleição de 2026 tem ganhado novos contornos com a articulação de deputados do Partido Liberal (PL) e o apoio de membros do Centrão para modificar a Lei da Ficha Limpa. O objetivo dessa estratégia é reabilitar politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi condenado à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em duas ações distintas. Caso essa proposta avance, Bolsonaro poderia concorrer novamente nas próximas eleições presidenciais, o que representaria um grande impacto no cenário político nacional.


A proposta central dessa articulação é um projeto de lei complementar de autoria do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), que busca reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade em condenações por abuso de poder político ou econômico. Essa mudança poderia alterar significativamente o futuro político de Bolsonaro, que atualmente está impedido de disputar cargos eletivos até 2030.

A estratégia foi discutida no último sábado, dia 1º de fevereiro, em Brasília, durante um encontro entre membros do PL e o próprio ex-presidente. A reunião ocorreu às vésperas da eleição para a presidência da Câmara e do Senado, reforçando a importância do momento para a articulação política. Os parlamentares bolsonaristas pretendem levar essa proposta adiante com o apoio dos futuros presidentes das casas legislativas, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

A proposta está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e tem como relator o deputado Filipe Barros (PL-PR). No entanto, há uma disputa intensa pelo comando da CCJ, já que o Partido dos Trabalhadores (PT) deseja presidir a comissão. O PL, por sua vez, quer impedir que os petistas assumam o controle do colegiado e trabalhará para que Hugo Motta indique um nome considerado neutro, o que aumentaria as chances de aprovação da proposta.

O texto do projeto de lei estabelece que o período de inelegibilidade passaria a ser contado a partir da eleição em que houve a condenação. Com essa mudança, Bolsonaro ficaria inelegível apenas entre outubro de 2022 e outubro de 2024, o que permitiria sua candidatura em 2026. Essa alteração geraria um impacto significativo no cenário eleitoral, já que o ex-presidente ainda possui um forte apoio popular e uma base de eleitores consolidada.

A possível reabilitação política de Bolsonaro já desperta reações tanto na base governista quanto na oposição. Para os aliados do ex-presidente, a atual legislação é considerada excessivamente rigorosa e desproporcional, limitando a participação política de figuras influentes. Por outro lado, os críticos da proposta argumentam que a mudança na Lei da Ficha Limpa enfraqueceria a luta contra abusos eleitorais e facilitaria a volta de políticos condenados ao cenário eleitoral.

O movimento para modificar a inelegibilidade de Bolsonaro também se insere em um contexto mais amplo de disputas políticas dentro do Congresso Nacional. A eleição para a presidência da Câmara e do Senado se tornou um campo de batalha entre diferentes grupos, e a aliança com os novos líderes das casas legislativas pode ser um fator decisivo para a aprovação da proposta. A influência do Centrão, um bloco político conhecido por sua atuação pragmática, pode ser fundamental para o avanço do projeto.

Caso a mudança na Lei da Ficha Limpa seja aprovada, o impacto no cenário eleitoral de 2026 será profundo. Bolsonaro, que ainda mantém uma base fiel de apoiadores, voltaria ao jogo político como um forte candidato da direita, desafiando o governo atual e seus aliados. A possibilidade de seu retorno às urnas representaria um novo capítulo na polarização política do país, reacendendo debates sobre sua gestão e sobre o futuro da direita no Brasil.

Enquanto isso, a tramitação da proposta será acompanhada de perto por diferentes setores da sociedade e pela imprensa. A decisão sobre a liderança da CCJ será um passo crucial para determinar o destino do projeto, que ainda pode enfrentar resistência em outras instâncias do Congresso. Além disso, possíveis questionamentos jurídicos podem surgir, caso a proposta seja considerada uma tentativa de enfraquecer a legislação eleitoral.

A articulação política em torno da reabilitação de Bolsonaro demonstra como o cenário eleitoral de 2026 já está sendo moldado nos bastidores. Com alianças sendo formadas e estratégias sendo traçadas, a corrida presidencial promete ser marcada por disputas intensas e por um embate direto entre os diferentes grupos políticos do país. O desfecho dessa movimentação dependerá das negociações dentro do Congresso e da reação da sociedade diante da possibilidade de flexibilização da Lei da Ficha Limpa.
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