O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou sua conta na plataforma X, nesta quarta-feira (8), para anunciar que recebeu um convite oficial para participar da cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para o dia 20 de janeiro. O evento marcará o início do segundo mandato de Trump na Casa Branca, após sua vitória nas eleições americanas.
Bolsonaro destacou a honra de receber o convite diretamente de Trump e expressou publicamente sua satisfação. “Muito honrado em receber do presidente dos EUA Donald Trump convite para a sua posse e de seu vice-presidente no próximo dia 20 de janeiro”, escreveu. A publicação rapidamente repercutiu entre apoiadores e críticos, gerando debates sobre a possibilidade de Bolsonaro comparecer à cerimônia, uma vez que enfrenta restrições legais que complicam sua saída do Brasil.
A situação ganhou novos contornos após Bolsonaro informar que seu advogado, Paulo Bueno, protocolou um ofício no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando ao ministro Alexandre de Moraes a devolução de seu passaporte, apreendido em fevereiro de 2024. A apreensão do documento ocorreu no contexto do inquérito que investiga o envolvimento do ex-presidente nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. Segundo a defesa de Bolsonaro, a devolução do passaporte é essencial para que ele possa cumprir o compromisso internacional.
Essa não é a primeira vez que os advogados de Bolsonaro pedem a liberação do documento. Em ocasiões anteriores, Alexandre de Moraes negou o pedido, argumentando que a retenção do passaporte é necessária para assegurar o andamento das investigações e prevenir possíveis fugas ou interferências no processo judicial. No entanto, desta vez, o convite oficial para a posse de Trump adiciona um elemento diplomático à solicitação, o que pode influenciar a decisão de Moraes.
A relação entre Bolsonaro e Trump é marcada por afinidades ideológicas e políticas, com ambos defendendo pautas conservadoras e adotando discursos alinhados em temas como economia, segurança e cultura. Durante o mandato de Trump, Bolsonaro frequentemente manifestou apoio ao líder norte-americano e buscou estreitar laços com os Estados Unidos. A confirmação do convite reforça os laços entre os dois políticos, que continuam a atuar como figuras de destaque na direita global.
Entretanto, a nova solicitação de devolução do passaporte gerou um debate acalorado nas redes sociais e entre especialistas jurídicos. Alguns críticos acusam Bolsonaro de tentar usar o evento como uma estratégia para enfraquecer as restrições judiciais impostas contra ele, enquanto apoiadores defendem que a ida à posse de Trump é um gesto de importância diplomática que não deve ser barrado. “Será que Moraes terá coragem de negar novamente?”, questionam aliados do ex-presidente.
Do ponto de vista jurídico, analistas apontam que o convite, embora relevante no campo político, não necessariamente justifica a devolução do passaporte sob a ótica do direito. “O evento pode ser importante, mas não altera o fato de que o documento foi apreendido como medida cautelar no âmbito de uma investigação séria. A decisão dependerá da interpretação do ministro sobre os riscos envolvidos”, explicou um jurista que acompanha o caso.
Caso Moraes autorize a devolução do passaporte, Bolsonaro poderá comparecer à cerimônia em Washington, consolidando sua presença em um evento de grande visibilidade internacional. Contudo, uma negativa reforçaria a postura rigorosa do STF em relação ao ex-presidente e suas possíveis tentativas de escapar das responsabilidades judiciais.
Enquanto aguarda a decisão do Supremo, Bolsonaro segue ativo nas redes sociais, utilizando o espaço para dialogar com seus apoiadores e manter a relevância política. O convite para a posse de Trump também reacendeu as discussões sobre o papel do ex-presidente brasileiro na política internacional e sobre sua capacidade de influenciar eventos globais, mesmo enfrentando problemas legais.
A decisão de Moraes sobre o pedido de devolução do passaporte será um dos próximos capítulos de um cenário já marcado por tensões entre o ex-presidente e o Supremo Tribunal Federal. Independentemente do desfecho, o episódio ilustra os desafios enfrentados por Bolsonaro na busca de equilibrar sua atuação política com as restrições legais impostas pelas investigações em curso. A proximidade da posse de Trump aumenta a pressão por uma definição rápida, enquanto aliados e adversários aguardam ansiosamente os desdobramentos desse impasse.