A deputada federal Carla Zambelli, conhecida por sua atuação ativa no cenário político nacional, lançou um microfilme impactante e provocativo em homenagem aos presos pelos eventos do dia 8 de janeiro. A produção, que tem cerca de seis minutos, foi desenvolvida em parceria com sua equipe de gabinete e aborda, de forma crítica, episódios marcantes da história recente do Brasil, incluindo o fatídico 8 de janeiro de 2023, quando atos de vandalismo ocorreram na Esplanada dos Ministérios.
O vídeo começa com imagens de 2013, mostrando cenas de invasão ao teto do Congresso Nacional, um episódio que, na época, gerou debates acalorados sobre os limites da manifestação democrática. Em seguida, cenas de 2016 e 2017 são exibidas, destacando momentos de depredação durante manifestações de esquerda, incluindo incêndios em prédios de ministérios. Segundo a narrativa do filme, esses atos foram cometidos por entidades sindicais e outros grupos, mas não resultaram em prisões, diferentemente do tratamento dado aos envolvidos no 8 de janeiro.
Com um tom irônico, o microfilme critica a rotulação de alguns episódios de depredação como "manifestações democráticas", enquanto outros, como os atos de 8 de janeiro, foram severamente reprimidos. A produção chama a atenção para a alegada seletividade das autoridades e a ausência de responsabilização em ocasiões anteriores.
O ápice do vídeo é a abordagem dos eventos do 8 de janeiro, onde as imagens trazem outra perspectiva dos acontecimentos. Em contraste com as cenas de destruição amplamente divulgadas na época, o microfilme apresenta registros de manifestantes patriotas em frente a quartéis, orando e tentando conter atos de vandalismo. Uma mulher, identificada no vídeo, afirma que os arruaceiros eram membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), buscando destacar a divergência entre manifestantes pacíficos e grupos envolvidos em atos de violência.
Em outro trecho, populares na Esplanada são vistos gritando frases como "não quebra, não quebra!", em uma tentativa de impedir a depredação do patrimônio público. A produção argumenta que muitos dos detidos posteriormente não participaram diretamente dos atos de vandalismo e foram presos sem ordem judicial, apenas por determinação do Presidente da República ao então General Dutra. Essa ação, segundo a narração de Zambelli, configura crime de pérfida, um termo que remete à traição ou deslealdade no cumprimento de funções institucionais.
O momento mais emotivo do microfilme é a homenagem a Clezão, um dos presos no contexto dos acontecimentos de janeiro. O vídeo relembra sua trajetória, destacando que ele morreu na cadeia sem ter a chance de se defender das acusações. A produção descreve Clezão como um símbolo de injustiça, representando todos os que foram, segundo a narrativa, vítimas de uma ação governamental desproporcional e arbitrária.
A iniciativa de Carla Zambelli gerou grande repercussão nas redes sociais, onde foi amplamente compartilhada em plataformas como Facebook, WhatsApp, Twitter, Telegram e Gettr. O microfilme dividiu opiniões, sendo elogiado por alguns como uma corajosa denúncia de injustiças e criticado por outros, que veem a produção como uma tentativa de distorcer fatos e manipular narrativas em benefício de interesses políticos.
Especialistas e analistas políticos têm interpretado o vídeo como uma estratégia de Zambelli para fortalecer sua base de apoio e reforçar o discurso de que os atos de janeiro foram instrumentalizados politicamente. Para seus apoiadores, a produção é uma forma de trazer à luz fatos que teriam sido ignorados pela grande mídia. Por outro lado, críticos apontam que o microfilme minimiza a gravidade dos atos de vandalismo e busca deslegitimar as ações tomadas para punir os responsáveis.
O lançamento do microfilme ocorre em um momento de intensa polarização política no Brasil. Os eventos de 8 de janeiro ainda são objeto de investigações, com desdobramentos que impactam o cenário político nacional. Enquanto os debates sobre os limites da manifestação democrática e a atuação das instituições continuam, iniciativas como a de Zambelli ressaltam a complexidade do tema e a necessidade de um olhar mais profundo sobre as causas e consequências desses episódios.
Independentemente das opiniões sobre o microfilme, é inegável que ele reacende debates importantes sobre justiça, liberdade de expressão e responsabilidade política. A homenagem a Clezão, em particular, levanta questões sobre o sistema carcerário brasileiro e os direitos daqueles que aguardam julgamento. O impacto do microfilme e a reação do público certamente continuarão a repercutir nos próximos dias, influenciando o discurso político e a percepção da sociedade sobre os acontecimentos do 8 de janeiro.