A recente decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de cassar o mandato da deputada federal Carla Zambelli tem gerado intensos debates políticos e jurídicos no país. A parlamentar, que recebeu quase um milhão de votos nas eleições de 2022, foi considerada inelegível por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. No entanto, a medida não afeta apenas Zambelli, mas também outros deputados que foram eleitos pelo coeficiente eleitoral, podendo, inclusive, levar a um rearranjo significativo nas cadeiras da Câmara dos Deputados.
A decisão tem sido interpretada por muitos como uma forma de perseguição política. O argumento central dos críticos é que a cassação de Zambelli serve como um exemplo para evitar que, em 2026, ocorram críticas ao sistema eleitoral. Esse cenário levanta preocupações sobre um possível enfraquecimento da oposição ao atual governo e sobre a utilização da justiça eleitoral como ferramenta para minar adversários políticos.
O impacto da cassação da deputada vai além de sua trajetória individual. Como seu expressivo número de votos ajudou a eleger outros parlamentares do seu espectro político, a decisão pode afetar diretamente a composição do Congresso. O partido que deve herdar a vaga é o PSOL, uma sigla ideologicamente oposta à de Zambelli. Isso significa que eleitores que votaram na parlamentar e em seu grupo político podem ver sua representação substituída por figuras alinhadas com um pensamento completamente diferente.
Essa possibilidade levanta questionamentos sobre a imparcialidade do processo. Enquanto figuras de direita enfrentam investigações rigorosas e sanções severas, outros políticos com acusações semelhantes ou até mais graves não sofrem o mesmo tipo de punição. Essa seletividade tem gerado um sentimento de revolta entre apoiadores da deputada e de outros parlamentares conservadores, que veem na decisão do TRE um ataque direcionado.
Independentemente das ações de Zambelli no passado, sua cassação pode abrir um precedente perigoso para todo o campo político da direita. Se essa estratégia se consolidar, outros deputados conservadores podem enfrentar situações semelhantes, seja por acusações de irregularidades eleitorais, seja por processos que os tornem inelegíveis. O objetivo final, segundo analistas políticos alinhados com esse pensamento, seria reduzir a representatividade da direita e garantir um ambiente político mais favorável para partidos progressistas.
Diante desse cenário, cresce a necessidade de uma reação pragmática por parte da direita. Em vez de focar nas divergências internas ou nos erros individuais de seus representantes, o campo conservador precisaria se unir para combater o que classificam como perseguição política. Se a cassação de Zambelli for aceita sem resistência, o caminho estará aberto para que outros políticos de direita enfrentem processos semelhantes, enfraquecendo gradativamente a oposição ao governo.
A decisão do TRE ainda pode ser contestada em instâncias superiores, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, a situação de Zambelli reflete um cenário mais amplo de tensão entre a direita e o sistema judiciário. Muitos de seus apoiadores acreditam que há uma tentativa sistemática de silenciar lideranças conservadoras por meio de processos judiciais e punições desproporcionais.
Além da questão jurídica, há um impacto político direto. Com a saída de Zambelli e a possível entrada de um parlamentar do PSOL, o equilíbrio de forças na Câmara pode ser alterado, favorecendo ainda mais a base governista. Isso significa que pautas conservadoras terão ainda mais dificuldades para avançar, enquanto propostas progressistas podem encontrar menos resistência.
A perseguição política é uma acusação grave e, para os críticos da decisão do TRE, não se trata apenas de um caso isolado, mas de um movimento coordenado para restringir a atuação da direita no Brasil. Essa visão reforça a necessidade de articulação entre os parlamentares conservadores e seus eleitores para impedir que outras figuras públicas enfrentem o mesmo destino.
O que está em jogo não é apenas o mandato de Zambelli, mas a liberdade política de um grupo significativo de eleitores que escolheram a deputada para representá-los. Se a cassação dela for consolidada sem questionamentos, o próximo alvo pode ser qualquer outro parlamentar de direita que se posicione de forma contundente contra o atual governo e suas políticas.
O momento exige uma reflexão sobre os rumos da democracia no Brasil e sobre os limites da atuação do judiciário na política. Se o sistema eleitoral for usado para eliminar adversários, a pluralidade política estará em risco. Por isso, é essencial que a sociedade acompanhe de perto esse caso e se posicione contra qualquer tentativa de cerceamento da representação democrática.