Pesquisas recentes realizadas pelos principais institutos do país indicam uma queda expressiva na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o início de seu mandato, em janeiro de 2023. Os dados, consolidados pelo site Poder 360, apontam uma tendência preocupante para o petista, que enfrenta dificuldades em manter o apoio que conquistou nas eleições de 2022. Além disso, dois fatores fundamentais destacam o desgaste político enfrentado pelo atual governo, levantando dúvidas sobre sua capacidade de reverter a situação.
Apesar de adotar um discurso de “união e reconstrução” e se posicionar como o líder de um “governo do amor”, Lula não conseguiu romper a forte polarização política que marca o cenário nacional. O presidente não avançou significativamente sobre o eleitorado que optou por outros candidatos em 2022, quando venceu as eleições com 50,90% dos votos. Ainda mais preocupante é a perda de apoio entre parte dos eleitores que o conduziram ao Planalto, um reflexo das expectativas frustradas e do cenário econômico instável.
O estudo do Poder 360 comparou dados de seis institutos de pesquisa – PoderData, Datafolha, Ipec, Quaest, CNT/MDA e Paraná Pesquisas – utilizando a primeira pesquisa realizada em 2023 e a mais recente de 2024 como parâmetros. A análise revelou um padrão consistente: as taxas de avaliação positiva tanto do presidente quanto de seu governo diminuíram ao longo do período, com exceção de variações mínimas dentro da margem de erro em um dos institutos. Ainda assim, essas variações também indicam uma tendência negativa para o governo.
Entre os números apresentados, destaca-se o levantamento do Datafolha, que mostrou uma redução sutil, mas significativa, na avaliação positiva de Lula e de seu governo. Outras pesquisas corroboram essa tendência, apresentando quedas mais expressivas e indicando que o presidente entra na segunda metade de seu mandato com um cenário desafiador. A perda de apoio não se restringe a determinados segmentos da sociedade, mas atinge diversas camadas, incluindo setores tradicionalmente alinhados ao PT, o que acende um sinal de alerta para a gestão petista.
Outro ponto crucial que agrava a situação do governo Lula é a perspectiva de continuidade dessa tendência de queda. Analistas políticos sugerem que, sem ações eficazes para reverter o desgaste, a popularidade do presidente pode cair ainda mais nos próximos meses. O cenário é agravado por desafios econômicos, como o alto custo de vida e dificuldades no mercado de trabalho, que impactam diretamente a percepção da população sobre a eficiência do governo.
A falta de avanço no diálogo com a oposição e a incapacidade de apresentar medidas concretas que promovam a união prometida durante a campanha eleitoral também contribuem para o clima de insatisfação. A retórica de reconstrução do país parece insuficiente diante das expectativas da população, que cobra resultados mais palpáveis em áreas como saúde, educação, segurança pública e infraestrutura.
Especialistas apontam que a queda na popularidade de Lula não é um fenômeno isolado, mas reflete um ambiente político cada vez mais polarizado e exigente. A comparação com o mandato anterior de Jair Bolsonaro, que enfrentou altos e baixos em sua aprovação, evidencia a dificuldade de governar em um contexto marcado pela fragmentação do eleitorado e por crises econômicas e institucionais.
Apesar do cenário adverso, o governo ainda tem pela frente dois anos para tentar recuperar o apoio perdido e consolidar uma base mais ampla de sustentação política. Para isso, será necessário investir em políticas públicas que atendam às demandas da população, além de reforçar o diálogo com diferentes setores da sociedade e promover uma comunicação mais eficaz de suas ações e resultados.
A trajetória política de Lula, marcada por sua capacidade de superar adversidades, pode ser um trunfo nesse momento delicado. No entanto, analistas ressaltam que depender exclusivamente de seu carisma e de sua história pode não ser suficiente para reverter a tendência de queda apontada pelas pesquisas. O presidente precisará demonstrar habilidade política, agilidade na implementação de medidas concretas e disposição para enfrentar críticas e resistências.
Com o início de 2025, o governo Lula entra em um período crucial, que pode definir o legado de seu terceiro mandato. A polarização política e os desafios econômicos continuam sendo os principais obstáculos, mas também oferecem uma oportunidade para que o governo mostre resultados concretos e reconquiste a confiança da população. Resta saber se o Planalto conseguirá reverter a tendência negativa e consolidar um caminho de estabilidade e crescimento. Por enquanto, as pesquisas indicam um cenário de queda livre, com a necessidade de ajustes urgentes para evitar um impacto ainda maior em sua base de apoio.