O presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou polêmica nesta quarta-feira, 8 de janeiro, ao fazer uma declaração inusitada durante evento no Palácio do Planalto alusivo aos dois anos do 8 de Janeiro, data que marcou a invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes em Brasília. Lula afirmou que os amantes costumam ser mais apaixonados que os maridos e, ao comparar sua postura em relação à democracia, se intitulou um “amante da democracia”.
Durante seu discurso, que misturou momentos emocionantes e descontraídos, Lula disse: “Eu diria que eu sou um amante da democracia. Não sou nem marido, eu sou amante porque a maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres e eu sou um amante da democracia e conheço o valor dela.” A fala causou reações variadas na plateia e rapidamente repercutiu nas redes sociais.
Ao ser questionado sobre a declaração, Sidônio Palmeira, indicado para assumir a Secretaria de Comunicação Social, preferiu não comentar, alegando que ainda não assumiu o cargo oficialmente. Apesar disso, a declaração chamou atenção e gerou debates sobre o uso de metáforas inusitadas em momentos solenes.
O evento contou com a presença de autoridades políticas, ministros e representantes de organizações da sociedade civil. Durante seu discurso, Lula relembrou os tempos da ditadura militar no Brasil, ressaltando a importância da democracia e sua trajetória de vida marcada por lutas. Ele destacou que a democracia brasileira resistiu aos ataques e permanece firme, apesar das ameaças enfrentadas nos últimos anos. "Hoje é dia de dizer em alto e bom som: ainda estamos aqui. Para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 2022… de 2023. Estamos aqui para dizer: ditadura nunca mais, democracia sempre", declarou.
Lula também fez menção ao livro “Ainda Estou Aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, que aborda a história de Rubens Paiva, torturado e morto durante a ditadura militar. Em uma homenagem às mulheres que se destacaram na luta por direitos humanos, ele mencionou Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, e anunciou a criação de um prêmio com o nome dela. Emocionado, o presidente afirmou: “Estamos aqui em nome de todas as Marias, Clarices e Eunices.”
O evento foi marcado por reflexões sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando extremistas invadiram e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto. Lula utilizou a ocasião para reforçar seu compromisso com a democracia e alertar sobre os perigos de retrocessos autoritários. Ele afirmou que, caso os golpistas tivessem tido êxito, “muitos de nós estaríamos exilados ou presos, como aconteceu no passado.”
A declaração sobre os amantes foi interpretada por alguns como uma tentativa de descontração em meio a um tema sério, enquanto outros criticaram o tom pouco convencional do presidente em um evento oficial. A fala também gerou repercussão entre membros da oposição, que aproveitaram a oportunidade para criticar o governo. Nas redes sociais, a frase rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados, com internautas dividindo opiniões sobre o episódio.
Além do discurso presidencial, o evento incluiu a entrega de obras de arte restauradas que haviam sido danificadas durante os atos de vandalismo de 2023. Entre elas, destacam-se peças de valor histórico que representam a cultura e a memória nacional. O presidente destacou a importância de preservar o patrimônio e afirmou que a recuperação das obras simboliza a resistência e a resiliência da democracia brasileira.
O evento terminou com um apelo do presidente para que a sociedade se mantenha vigilante contra ameaças autoritárias e continue fortalecendo os valores democráticos. Ele ressaltou que a democracia é um bem coletivo que exige esforço constante para ser preservado. "A democracia não é perfeita, mas é o único caminho para garantir direitos, igualdade e justiça para todos os brasileiros", concluiu.
Enquanto os debates sobre a declaração de Lula continuam, o governo segue buscando consolidar sua agenda política em meio aos desafios de um cenário polarizado. O evento do 8 de Janeiro reforçou o compromisso do presidente com a memória histórica e a defesa da democracia, mas também mostrou que cada palavra dita por ele será minuciosamente analisada e discutida por apoiadores e críticos.