A Rede Globo, conhecida como uma das maiores potências da televisão brasileira, enfrenta um momento desafiador e inédito em sua história. Em dezembro de 2024, a emissora registrou a pior audiência média mensal desde sua fundação. Segundo dados divulgados pelo Ibope, a Globo obteve apenas 9,9 pontos de média na Grande São Paulo, o principal mercado de medição de audiência no país. Este resultado representa uma queda expressiva em comparação aos 10,3 pontos registrados no mesmo período de 2023, o que já era considerado preocupante.
Diversos programas da grade de programação contribuíram para o desempenho abaixo do esperado, mas o destaque negativo ficou com a novela das 21h, "Mania de Você". O folhetim, uma aposta da emissora para recuperar o público do horário nobre, atingiu índices historicamente baixos. No último dia do ano, a novela marcou apenas 13,2 pontos, superando o recorde negativo anterior de 14,5 pontos registrado por "Travessia" em 2022. A situação é alarmante, considerando que as novelas das 21h sempre foram o carro-chefe da Globo e uma de suas maiores fontes de audiência.
Outro ponto crítico foi o desempenho do programa dominical “Fantástico”. Tradicionalmente um dos programas mais assistidos da emissora, o “Fantástico” registrou 13,5 pontos em sua exibição de 29 de dezembro. Esses números reforçam a tendência de queda na audiência de atrações consideradas pilares da programação da Globo.
Analistas apontam que a queda de audiência da Globo está diretamente relacionada a mudanças nos hábitos de consumo do público. O aumento da popularidade de plataformas de streaming, como Netflix e Amazon Prime Video, transformou a maneira como as pessoas consomem conteúdo. A conveniência do acesso on-demand e a ampla variedade de opções disponíveis nessas plataformas têm desafiado emissoras tradicionais a se reinventarem. Além disso, a proliferação de serviços gratuitos de streaming e de conteúdos em redes sociais tem dispersado ainda mais a atenção dos telespectadores.
Embora outras emissoras, como Band e RedeTV!, também tenham registrado quedas na audiência durante o mesmo período, o impacto é mais significativo para a Globo devido à sua posição histórica como líder do setor. A emissora não apenas enfrenta a concorrência das plataformas de streaming, mas também luta para manter seu público diante de mudanças estruturais no mercado televisivo.
Internamente, a Globo enfrenta críticas sobre a falta de inovação em sua programação. Especialistas destacam que, apesar de esforços pontuais para modernizar seus conteúdos, como reality shows e séries mais curtas, a emissora ainda depende fortemente de formatos tradicionais, como novelas e telejornais. Para muitos, a falta de ousadia na criação de conteúdos que dialoguem com as novas gerações pode ser um dos fatores que contribuem para a crise de audiência.
A emissora também tem sofrido pressão econômica. A queda na audiência afeta diretamente os valores de publicidade, principal fonte de receita da Globo. Grandes anunciantes têm direcionado parte de seus investimentos para campanhas em plataformas digitais, consideradas mais eficientes em alcançar públicos segmentados.
A direção da Globo já está ciente da gravidade da situação e deve anunciar mudanças em breve. Fontes internas indicam que a emissora planeja reformular sua grade de programação para 2025, com foco em produções mais modernas e interativas. A aposta em conteúdos digitais e parcerias estratégicas com plataformas de streaming também faz parte do plano de recuperação. Além disso, a Globo pretende intensificar o uso de dados e pesquisas para entender melhor as preferências do público.
Enquanto isso, o mercado televisivo brasileiro segue em transformação. O desempenho das emissoras tradicionais dependerá de sua capacidade de se adaptar rapidamente às novas demandas do público e de adotar estratégias que combinem o melhor da televisão tradicional com o dinamismo e a acessibilidade das plataformas digitais.
Para a Globo, o desafio de 2025 será provar que ainda pode ser relevante em um cenário onde a competição é mais acirrada do que nunca. A história da emissora, marcada por sucessos e liderança consolidada, é um indicativo de sua resiliência. No entanto, o caminho para a recuperação exigirá não apenas esforço, mas também criatividade e inovação para reconquistar a confiança e o interesse de um público cada vez mais exigente e diversificado.
