Trump cita Brasil como país que taxa demais e fala em taxar de volta

Gustavo Mendex


 Nesta segunda-feira (16), Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, realizou uma coletiva de imprensa em Mar-a-Lago, sua primeira aparição oficial desde a vitória nas eleições. Durante o evento, Trump apresentou suas propostas econômicas e políticas internacionais, destacando o aumento de tarifas para produtos estrangeiros como uma estratégia de fortalecimento da economia americana. Em sua fala, o republicano citou o Brasil e a Índia como exemplos de países que, segundo ele, aplicam tarifas altas aos produtos americanos, justificando a ideia de taxá-los de volta. “Quem nos taxar, taxaremos de volta. Tarifas farão nosso país rico”, afirmou Trump, reforçando sua postura protecionista.


Ao ser questionado sobre os possíveis impactos inflacionários dessas medidas, Trump relembrou ações semelhantes de seu primeiro mandato e afirmou que, na época, tais iniciativas não contribuíram para o aumento da inflação. Ele também defendeu cortes de impostos realizados anteriormente, argumentando que essas políticas foram fundamentais para estimular o crescimento econômico. Segundo Trump, sua proposta de tarifas visa fortalecer a competitividade da indústria americana, ao mesmo tempo em que responde de forma direta às práticas comerciais que considera injustas.


Trump também comentou as relações entre os Estados Unidos e a China, descrevendo o líder chinês, Xi Jinping, como um "amigo" e elogiando a relação construída entre ambos antes da pandemia de Covid-19. No entanto, o presidente eleito não confirmou a presença de Xi em sua posse. Apesar dos elogios, Trump deixou claro que as tensões comerciais e políticas entre as duas potências continuam sendo um desafio, mas demonstrou otimismo ao dizer que acredita ser possível resolver os problemas globais em conjunto com a China.


Entre os anúncios feitos durante a coletiva, destacou-se o investimento de 100 bilhões de dólares do SoftBank nos Estados Unidos ao longo dos próximos quatro anos. O aporte será direcionado ao desenvolvimento de inteligência artificial e outras tecnologias emergentes, áreas que Trump descreveu como cruciais para o futuro da economia americana. O presidente eleito também reafirmou seu compromisso em facilitar licenças federais, incluindo as ambientais, para empresas que investirem mais de 1 bilhão de dólares no país. “Queremos mostrar que os Estados Unidos são o lugar certo para grandes investimentos”, declarou.


Além disso, Trump abordou questões relacionadas à energia, defendendo a ampliação da exploração de hidrocarbonetos como uma maneira de garantir a independência energética dos Estados Unidos. Ele mencionou a Venezuela como um exemplo de país do qual os EUA não deveriam depender para suprir suas necessidades energéticas. Segundo ele, os Estados Unidos possuem recursos suficientes para se tornarem autossuficientes nessa área.


Outro tema relevante foi a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que Trump classificou como um desafio complexo, mas solucionável. Ele anunciou sua intenção de dialogar com os líderes Vladimir Putin e Volodimir Zelensky para buscar um acordo de paz. Segundo o republicano, a prioridade de sua administração será trabalhar pela resolução desse conflito, que já causou uma devastação significativa na região e afeta a estabilidade global.


Trump também criticou a abordagem do governo atual em relação aos conflitos no Oriente Médio, afirmando que seu governo pretende adotar uma postura mais pragmática e focada na resolução de problemas. Ele ressaltou que pretende devolver aos Estados Unidos o protagonismo nas negociações internacionais, buscando soluções diplomáticas e econômicas que fortaleçam o país em longo prazo.


A coletiva marcou um momento de reafirmação das principais bandeiras de Trump, como o protecionismo econômico, o fortalecimento da indústria nacional e o aumento da independência energética. O presidente eleito também aproveitou a ocasião para enviar uma mensagem de otimismo sobre seu próximo mandato, destacando que sua administração será voltada para "fazer os Estados Unidos grandes novamente", slogan que marcou sua campanha.


A postura de Trump, no entanto, gerou reações mistas entre especialistas e líderes internacionais. Enquanto alguns consideram suas propostas um avanço para a economia americana, outros alertam para os riscos de uma escalada de tensões comerciais e impactos negativos no comércio global. O Brasil, citado diretamente por Trump, ainda não se manifestou oficialmente sobre as declarações.


A coletiva reforçou a visão de Trump como um líder que prioriza os interesses americanos acima de qualquer coisa, o que deve moldar as relações diplomáticas e comerciais do país nos próximos quatro anos. A expectativa agora recai sobre as medidas concretas que sua administração adotará e sobre como essas políticas impactarão não apenas os Estados Unidos, mas também o cenário global.
Tags

#buttons=(Accept !) #days=(20)

Our website uses cookies to enhance your experience. Check Now
Accept !