PT entra em alerta com resultado de nova pesquisa

Gustavo Mendex


 A pesquisa divulgada recentemente pela Genial/Quaest trouxe preocupação para os integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT), ao apontar uma queda significativa na popularidade de Janja da Silva, esposa do presidente Lula. O levantamento, realizado no início de dezembro, revelou que a avaliação positiva de Janja caiu de 28% para 22% em um ano, enquanto a avaliação negativa subiu de 26% para 28%. Esses números representam um contraste ainda mais acentuado em relação ao início do atual governo, em fevereiro de 2023, quando 41% dos entrevistados tinham uma visão favorável da primeira-dama. Desde então, Janja perdeu quase metade de sua popularidade.


A pesquisa foi realizada entre os dias 4 e 9 de dezembro, com 8.598 entrevistados de 16 anos ou mais. A margem de erro é de um ponto percentual, e o nível de confiança é de 95%. Embora a queda de popularidade da primeira-dama seja o foco, lideranças do PT estão preocupadas com os possíveis impactos disso na imagem do próprio presidente, principalmente em um cenário de adversidades econômicas, onde a popularidade de Lula pode ser diretamente afetada.


Segundo informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, membros do partido avaliam que, apesar de a rejeição à figura de Janja não ser um problema crítico no momento, há o temor de que isso possa mudar caso a situação econômica do país piore. A oposição poderia explorar a falta de popularidade da primeira-dama para atacar Lula e desgastar o governo, principalmente em momentos de crise ou aperto fiscal. A preocupação entre os petistas é que os gastos de Janja com viagens e assessores sejam usados como munição política, transformando-a em um alvo simbólico para os críticos do governo.


Bergamo aponta que uma das razões para a crescente visão negativa em relação a Janja seria sua busca por protagonismo, o que tem gerado insatisfações até mesmo dentro do PT. A insistência da primeira-dama em assumir um papel mais ativo na comunicação do governo, ao mesmo tempo que enfrenta dificuldades para construir uma imagem positiva própria, é vista como uma fragilidade. Lideranças do partido acreditam que a oposição poderia capitalizar essa situação, reforçando uma percepção de “certa arrogância” em seu discurso e em sua postura, o que já estaria sendo notado por parte da população.


Nos últimos meses, Janja abandonou a imagem inicial de alguém que apenas dançava e cantava em eventos políticos, dedicando-se a agendas consideradas mais sérias, como o combate à fome. No entanto, essa mudança de estratégia não parece ter surtido o efeito esperado. Ao contrário, sua popularidade continuou a cair, reforçando a visão de que o problema pode estar menos em suas ações e mais na maneira como se apresenta ao público. Para o PT, a incapacidade de Janja em construir uma relação favorável com a opinião pública compromete tanto sua credibilidade quanto a do governo, especialmente se o desgaste atual crescer em um cenário econômico adverso.


A colunista também ressalta que parte dos integrantes do PT ainda busca entender os motivos exatos da rejeição à primeira-dama, mas não há consenso sobre as causas. Uma das hipóteses levantadas seria o tom das declarações de Janja, que, segundo alguns analistas, passa a impressão de arrogância. Além disso, o fato de ela tentar assumir papéis de destaque, como na comunicação governamental, sem antes consolidar sua imagem, é visto como um erro estratégico. Essa postura estaria dificultando sua conexão com a população, tornando-a vulnerável às críticas da oposição.


Outro fator que preocupa os petistas é a possibilidade de Janja se tornar um "alvo fácil" para os adversários políticos. Em momentos de crise econômica, quando a insatisfação com o governo aumenta, é comum que figuras próximas ao presidente sejam exploradas simbolicamente pela oposição. O estilo de vida de Janja e os custos associados a ela podem ser transformados em argumentos para atacar o governo, alimentando narrativas de que ela estaria desconectada das dificuldades enfrentadas pela população.


Os números apresentados pela pesquisa da Genial/Quaest servem como um alerta para o PT. Embora o foco das lideranças seja manter a popularidade de Lula em alta, a imagem de Janja tem um peso significativo, pois reflete diretamente no governo como um todo. Para o partido, a construção de uma narrativa sólida e a melhoria da comunicação da primeira-dama com a população podem ser fundamentais para evitar que ela se torne uma fonte de desgaste político em um momento em que o governo enfrenta inúmeros desafios.


Em resumo, a queda na popularidade de Janja da Silva preocupa os integrantes do PT, que temem os impactos desse cenário na imagem do presidente Lula. A oposição já começa a apontá-la como um possível alvo político, explorando suas fragilidades e utilizando sua busca por protagonismo como forma de atacar o governo. Para o PT, o desafio agora será conter o desgaste da figura da primeira-dama antes que isso afete a estabilidade política do governo em um cenário de adversidades econômicas.

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