Nesta terça-feira, dia 10, o Partido dos Trabalhadores (PT) enfrentou um cenário inesperado e constrangedor ao convocar manifestações em diversas cidades do país com o objetivo de pressionar pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar do histórico expressivo de votos nas urnas, o partido não conseguiu atrair mais do que algumas dezenas de pessoas em locais estratégicos, gerando críticas e ironias nas redes sociais. A falta de adesão foi tão evidente que o PT decidiu não divulgar as ações em suas próprias plataformas, optando por silenciar sobre o evento.
Os atos foram organizados em parceria com entidades sindicais e movimentos estudantis e planejados para ocorrer em ao menos 40 cidades, incluindo capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza e Recife. A expectativa era de que os protestos ganhassem força e mostrassem uma base popular sólida em apoio à pauta central, mas as imagens que circulam pelas redes sociais contam outra história. Em quase todas as localidades, o número de participantes foi considerado irrisório, com concentração majoritária de militantes ligados a sindicatos e estudantes, sem a adesão massiva do público geral.
Na Avenida Paulista, em São Paulo, o palco tradicional de manifestações políticas no país, o cenário foi desolador. A concentração marcada para as 17h, nas proximidades do Museu de Arte de São Paulo (Masp), reuniu poucas pessoas, o que chamou atenção pela ausência de impacto no trânsito, algo quase impossível em eventos de maior proporção na região. Passantes relatavam um movimento discreto, com pouquíssima presença de bandeiras e discursos pouco atrativos. A fraca mobilização resultou em críticas até de apoiadores do partido, que questionaram a estratégia adotada para promover o ato.
Outras cidades importantes também registraram um baixo número de participantes. Em Brasília, os atos foram realizados em frente ao Congresso Nacional, mas a movimentação foi discreta e passou despercebida para a maior parte da população local. No Rio de Janeiro, a manifestação aconteceu no centro da cidade, mas sem a repercussão esperada. Em Belo Horizonte e Recife, capitais de regiões historicamente alinhadas ao partido, a adesão foi igualmente frustrante.
O fracasso das manifestações não se limitou apenas ao público presente. Nos bastidores do próprio partido, o episódio foi avaliado como um erro estratégico. A expectativa de engajamento popular foi completamente frustrada, e líderes do PT evitaram comentar publicamente o resultado. A ausência de publicações sobre o evento nas redes sociais oficiais do partido é interpretada como um sinal de desconforto com o desfecho da mobilização. Em vez disso, os canais de comunicação optaram por manter um foco em pautas econômicas e outros temas que geram mais adesão e menos repercussão negativa.
A baixa adesão também expôs um contraste intrigante no cenário político nacional: como um partido que recebeu milhões de votos em recentes eleições gerais não consegue mobilizar expressivamente sua base nas ruas? Especialistas em política apontam que o fenômeno pode ser resultado de uma desconexão entre a cúpula do partido e os anseios de sua militância e eleitores. Embora o PT ainda seja uma das maiores forças políticas do país, sua base popular parece cada vez mais fragmentada, especialmente diante de um cenário econômico desafiador e de um crescente desgaste político.
Críticos do partido, especialmente figuras alinhadas à direita, não pouparam comentários irônicos sobre o episódio. Políticos, influenciadores e cidadãos comuns usaram as redes sociais para destacar o contraste entre o número de votos recebidos pelo PT e o baixo número de manifestantes nas ruas. Memes e comentários sarcásticos circularam amplamente, reforçando a narrativa de que a legenda estaria perdendo sua capacidade de mobilização popular, especialmente fora dos períodos eleitorais.
Por outro lado, há quem argumente que a baixa adesão possa refletir um desinteresse geral da população por manifestações políticas, independentemente do partido ou da pauta envolvida. Com a polarização política ainda em alta no Brasil, muitos eleitores podem preferir acompanhar os desdobramentos políticos à distância, sem se envolver diretamente em atos públicos. A desconfiança nas lideranças políticas e o desgaste causado por promessas não cumpridas também podem estar contribuindo para o distanciamento entre partidos e cidadãos.
Ainda assim, o fiasco do PT nesta tentativa de mobilização levanta um alerta para a legenda, que precisará reavaliar suas estratégias de engajamento popular se quiser manter a relevância no cenário político. Embora ainda seja uma força política de peso, a capacidade de levar multidões às ruas, algo que já foi uma das marcas do partido, parece cada vez mais distante. Resta saber se o episódio será tratado como um ponto de reflexão ou se será simplesmente ignorado em meio à dinâmica política do país.
Enquanto isso, o tema central dos atos, o pedido de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, segue como um dos tópicos mais debatidos na esfera pública. Apesar do resultado pífio da mobilização petista, o debate sobre a responsabilidade de Bolsonaro em questões legais continua a ser explorado tanto por opositores quanto por aliados do ex-presidente, que permanece uma figura polarizadora na política brasileira.