Mauro Cid desmente que Bolsonaro sabia sobre plano de matar Lula: “advogado se confundiu”

Gustavo Mendex


 Na última quinta-feira, 5 de outubro de 2023, a Polícia Federal avançou em uma investigação que tem gerado grande repercussão no cenário político nacional. O foco está no depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, sobre uma suposta conspiração para eliminar figuras políticas de destaque no Brasil. Entre os alvos mencionados estão o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Mauro Cid, que já foi preso e atualmente colabora com a Justiça, é um dos 37 investigados no inquérito que também apura uma tentativa de golpe de Estado.


A investigação ganhou novos contornos após declarações de Cezar Bittencourt, advogado de Mauro Cid. Em entrevistas à imprensa, Bittencourt afirmou que Bolsonaro teria conhecimento de um suposto plano envolvendo a eliminação de líderes políticos. No entanto, o advogado voltou atrás e afirmou que houve um mal-entendido em suas declarações, esclarecendo que o ex-presidente estava apenas ciente de algumas movimentações gerais, mas não de um plano específico de assassinato. Esse recuo motivou a Polícia Federal a convocar Mauro Cid para um novo depoimento, no qual ele reafirmou não ter qualquer conhecimento sobre o suposto esquema de homicídio.


No depoimento, que durou cerca de duas horas, Mauro Cid buscou desmentir as alegações feitas anteriormente por seu advogado e reforçou que não houve qualquer envolvimento ou conhecimento de planos de morte direcionados a líderes políticos. Ele também declarou que, durante o período em que atuou próximo a Bolsonaro, não teve ciência de ações que pudessem indicar um complô de tal magnitude. Após o interrogatório, Cid evitou a imprensa e não fez comentários públicos.


O caso tem atraído atenção por seu potencial impacto no cenário político brasileiro, especialmente pela posição de destaque que Mauro Cid ocupava durante o governo de Jair Bolsonaro. Além disso, o tenente-coronel já prestou 11 depoimentos no curso das investigações. Como parte de um acordo de delação premiada, ele se comprometeu a colaborar com as autoridades, fornecendo informações sobre os bastidores do governo e as acusações de conspiração política. Esse acordo, porém, ainda não revelou elementos concretos que confirmem as suspeitas sobre o envolvimento de Bolsonaro ou de outros membros do governo em um plano de golpe ou assassinato.


A delação premiada de Mauro Cid é central para o avanço das investigações. A Polícia Federal já enviou relatórios detalhados sobre o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR), que terá a responsabilidade de avaliar as evidências e decidir se apresenta denúncias formais contra os envolvidos. Entre os pontos em análise estão os supostos vínculos entre Cid e outros investigados, bem como a existência de indícios concretos de conspiração. A PGR ainda não se manifestou oficialmente sobre os próximos passos, mas a expectativa é de que o caso continue avançando e possa gerar novas convocações e revelações nos próximos meses.


A investigação faz parte de um inquérito maior, aberto em 2022, que apura não apenas possíveis planos de homicídio, mas também tentativas de desestabilizar o sistema democrático brasileiro. Nesse contexto, Mauro Cid se tornou uma figura-chave devido ao acesso que tinha às informações e decisões tomadas no alto escalão do governo Bolsonaro. Ele, no entanto, tem reiterado que não participou de qualquer esquema antidemocrático e que desconhecia movimentações que pudessem ameaçar a estabilidade institucional do país.


As declarações conflitantes entre Mauro Cid e seu advogado geraram dúvidas sobre a credibilidade das informações apresentadas. Especialistas avaliam que as investigações ainda precisam de elementos mais robustos para fundamentar uma possível denúncia contra figuras de alto escalão. Apesar disso, o caso continua a repercutir na opinião pública, acirrando ainda mais as tensões políticas no Brasil.


Enquanto as investigações avançam, a defesa de Jair Bolsonaro nega qualquer envolvimento do ex-presidente em supostos planos de conspiração ou atos ilegais. Bolsonaro, que já enfrenta uma série de processos na Justiça Eleitoral e investigações no Supremo Tribunal Federal, ainda não foi diretamente implicado neste inquérito. Seus aliados políticos têm tratado o caso como uma tentativa de desgaste político e de perseguição, enquanto seus opositores cobram respostas e punições severas caso as acusações se comprovem.


O desdobramento desse caso é aguardado com grande expectativa, uma vez que poderá trazer implicações significativas para o futuro político de várias figuras importantes do país. A Procuradoria-Geral da República deverá se pronunciar nos próximos meses, decidindo se as evidências coletadas até agora são suficientes para justificar uma denúncia formal. Até lá, o caso de Mauro Cid seguirá como um dos temas mais sensíveis e discutidos no cenário político brasileiro.

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