Condenado por dizer que Manuela 'trai, mente e é homofóbica', Maroni dobra a aposta: "Peguei leve"

Gustavo Mendex

 

O ex-deputado estadual Rodrigo Maroni foi condenado a um ano, dois meses e dez dias de detenção, em regime aberto, pelos crimes de calúnia, difamação e injúria contra sua ex-noiva, a ex-deputada federal Manuela d’Ávila. A sentença foi proferida nesta semana e está relacionada a declarações feitas por Maroni durante o debate das eleições municipais de 2020, quando ambos eram candidatos à Prefeitura de Porto Alegre.


No debate, Maroni acusou Manuela de liderar uma “milícia”, além de afirmar que ela “mentia e traía”. Ele também mencionou que, durante o relacionamento que ambos tiveram, ela teria feito comentários de natureza “antifeminista e homofóbica” sobre outras pessoas. As declarações foram consideradas excessivas e ofensivas, levando Manuela a processá-lo judicialmente. A decisão da juíza responsável pelo caso destacou que as falas de Maroni ultrapassaram os limites da liberdade de expressão e não podem ser justificadas como críticas ou meras opiniões.


Segundo a magistrada, o conteúdo das declarações de Maroni não se limitou a um contexto de debate político ou de defesa de ideias, mas configurou ataques pessoais com potencial de prejudicar a honra de Manuela. A decisão afirmou que as falas extrapolaram a intenção de “caçoar, narrar, defender, informar, aconselhar, criticar ou corrigir”. Com isso, foram enquadradas como crimes de calúnia, difamação e injúria, em conformidade com o Código Penal.


Apesar da condenação, a pena imposta será cumprida em regime aberto, o que significa que Maroni não será preso, mas poderá ser submetido a medidas alternativas, como prestação de serviços comunitários ou comparecimento periódico à Justiça. A defesa do ex-deputado já anunciou que irá recorrer da decisão, alegando que ele não teve oportunidade de apresentar sua versão durante o processo.


Após a divulgação da sentença, Maroni se pronunciou publicamente e reafirmou que está tranquilo em relação ao caso. Ele declarou que não mentiu durante o debate e que suas falas refletem situações que, segundo ele, seriam verídicas. “Em momento algum eu menti nos debates. Em tudo que falei. Acredito, inclusive, que tenha pego leve, comparando ao que foi o debate do Marçal com Nunes, por exemplo, em São Paulo. Também quero reafirmar que não falei metade do que sabia da Manuela, inclusive preservei ela. Acredito que fui brando demais”, disse Maroni em entrevista.


Ele também criticou o andamento do processo, afirmando que ainda há diversas possibilidades de recurso e que sequer foi ouvido formalmente pela Justiça até o momento. “Sobre o processo, ainda tem recursos dos mais diversos. Sequer fui ouvido no processo ainda”, completou. A postura do ex-deputado, que parece não demonstrar arrependimento pelas acusações feitas, gerou reações mistas entre seus apoiadores e críticos.


Manuela d’Ávila, por sua vez, preferiu não se manifestar diretamente sobre a sentença até o momento. A ex-deputada tem adotado uma postura mais reservada em relação ao caso, concentrando suas atenções em outras questões políticas e sociais. Durante o período das eleições municipais de 2020, Manuela enfrentou uma campanha marcada por ataques pessoais e desinformação, sendo alvo frequente de fake news e de discursos inflamados por parte de opositores. Sua equipe jurídica, no entanto, ressaltou que a condenação de Maroni representa uma importante vitória no combate à disseminação de acusações infundadas e prejudiciais.


O caso também reacendeu o debate sobre os limites da liberdade de expressão no contexto político. Especialistas destacam que, embora a troca de críticas seja comum em debates eleitorais, é necessário estabelecer um equilíbrio para que as divergências não se transformem em ataques que prejudiquem a honra e a reputação dos envolvidos.


O julgamento de Maroni ocorre em um momento em que figuras públicas e políticos têm enfrentado maior escrutínio por declarações consideradas ofensivas ou difamatórias. O caso também traz à tona discussões sobre ética na política e o impacto de acusações pessoais na vida pública e privada dos candidatos.


Enquanto o processo continua a tramitar em instâncias superiores, a condenação de Rodrigo Maroni chama atenção para a responsabilidade que políticos e personalidades públicas devem ter ao se expressarem em debates e na esfera pública. O desfecho final do caso dependerá do julgamento dos recursos apresentados pela defesa do ex-deputado, que busca reverter a condenação e evitar eventuais sanções mais severas.

#buttons=(Accept !) #days=(20)

Our website uses cookies to enhance your experience. Check Now
Accept !