Ameaça de chacina em evento com Janja e Lula faz PF agir rápido

Gustavo Mendex


 A Polícia Federal (PF) entrou em estado de alerta no início de dezembro após receber uma ameaça de chacina direcionada à festa do Grupo Prerrogativas, realizada para homenagear Janja, esposa do presidente Lula. O evento contou com a presença de figuras importantes, incluindo o próprio presidente, ministros e desembargadores, o que aumentou ainda mais as preocupações em relação à segurança.


As ameaças, enviadas a membros do grupo composto por advogados alinhados à esquerda e parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT), mencionavam a possibilidade de uma "chacina" com "dezenas de mortos" caso a celebração ocorresse. A mensagem, tornada pública pela jornalista Mônica Bergamo no jornal Folha de S.Paulo, chegou a se referir ao encontro como "a festa da impunidade". O tom violento do texto gerou apreensão entre os organizadores e levou a uma ação imediata da Polícia Federal para reforçar as medidas de segurança.


Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, classificou o teor das ameaças como "grave e inquietante". Ele afirmou que, assim que tomou conhecimento do conteúdo, entrou em contato com a PF para que providências fossem tomadas. Carvalho explicou que a decisão de não divulgar amplamente a situação antes da festa foi estratégica, a fim de evitar pânico entre os convidados. "Nenhum de nós se intimidou. Conseguimos garantir que esse tema não fosse abordado antes da festa para não assustar ninguém, mas tomamos todas as precauções necessárias", disse ele.


Entre os participantes do evento estava o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que também confirmou o recebimento da mensagem ameaçadora. Apesar da seriedade da situação, ele ressaltou que a presença do presidente Lula já demandava, por si só, um esquema de segurança mais rigoroso. "Sempre que há um evento com o presidente, os protocolos de segurança são naturalmente reforçados. Mas, neste caso, a ameaça específica exigiu uma atenção ainda maior", declarou Kakay.


O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, esteve presente no local para acompanhar de perto a segurança do evento. Rodrigues orientou que Lula evitasse circular pelo salão, uma medida que desagradou o presidente, já que ele desejava interagir mais com os convidados. Apesar disso, a recomendação foi seguida, garantindo que não houvesse incidentes ao longo da celebração. O episódio ilustra o nível de cautela adotado pelas autoridades, que não subestimaram a gravidade das ameaças recebidas.


O Grupo Prerrogativas, frequentemente associado a advogados e juristas alinhados às pautas progressistas e defensor das causas do Partido dos Trabalhadores, é um alvo recorrente de críticas e ataques de opositores políticos. No entanto, a ameaça de violência física elevou o nível de tensão em torno do evento. Segundo Carvalho, o incidente serviu como um lembrete da necessidade de permanecer vigilante em tempos de polarização política. "Vivemos em um momento em que o discurso de ódio está sendo normalizado. Precisamos repudiar veementemente esse tipo de comportamento e confiar que as autoridades competentes irão identificar e responsabilizar os autores dessas ameaças", afirmou.


A investigação sobre a origem das mensagens está em andamento. A Polícia Federal está analisando dados e rastreando a possível localização dos responsáveis pelas intimidações. Até o momento, não foram divulgadas informações adicionais sobre os suspeitos ou a motivação específica por trás das ameaças. No entanto, fontes ligadas à corporação indicam que a prioridade é garantir que eventos futuros com personalidades de alto perfil sejam realizados com a máxima segurança.


Apesar do clima de apreensão, a festa ocorreu conforme o planejado, sem intercorrências. Convidados destacaram o caráter positivo do encontro, que buscava não apenas homenagear Janja, mas também promover uma mensagem de união e celebração entre os presentes. Para muitos, o evento foi uma oportunidade de reafirmar os laços entre os membros do Grupo Prerrogativas e outras figuras públicas ligadas ao governo.


O episódio, no entanto, reacende o debate sobre o impacto da escalada do discurso de ódio no Brasil e os desafios enfrentados pelas autoridades de segurança para prevenir ataques e proteger figuras públicas. Nos últimos anos, a crescente polarização política no país tem gerado um aumento nas ameaças e manifestações de violência, especialmente em momentos de maior exposição midiática de membros do governo e seus aliados.


A festa, embora marcada por um contexto tenso, terminou sem incidentes, o que foi visto como um sinal positivo da eficácia do trabalho preventivo da Polícia Federal. Mesmo assim, o caso segue como um alerta para os riscos que envolvem a realização de eventos com alto perfil político em tempos de acirramento de ânimos no país.

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