Lava Jato planejava "aniquilar" a J&F em acordo de leniência

Gustavo Mendex


Em uma reviravolta surpreendente, conversas inéditas da Operação Spoofing, obtidas através de um ataque hacker, lançam luz sobre planos secretos dentro da Lava Jato para "destruir" a J&F em um acordo de leniência. Os diálogos, datados de maio de 2017 e revelados pelo jornalista Isadora Teixeira, revelam uma série de preocupações e estratégias discutidas por procuradores da força-tarefa.


Após a delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista, proprietários da J&F, ter sido fechada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), surgiram temores dentro da Lava Jato sobre a percepção de "impunidade" que isso poderia gerar. Os procuradores expressaram críticas à reação da PGR em relação à repercussão negativa da delação, levantando a necessidade de "compensar" com uma leniência mais severa.


Embora o caso não estivesse sob a competência da força-tarefa no Paraná, membros da Lava Jato discutiram ativamente formas de aplicar uma multa significativa à J&F como forma de "neutralizar" a situação. O acordo de leniência, finalizado em 5 de junho de 2017, estipulou uma multa histórica de R$ 10,3 bilhões à empresa.


O ex-procurador da República Deltan Dallagnol, em uma das mensagens vazadas, expressou a urgência de "neutralizar" a situação, destacando a necessidade de esclarecer a postura dos Batistas, que estavam nos EUA "rindo da nossa cara". Dallagnol também criticou publicamente a nota divulgada pela PGR sobre a delação, descrevendo-a como "péssima" e destacando a importância de um pronunciamento oficial para conter os danos.


A situação revela um ambiente de tensão e descontentamento dentro da Lava Jato, com procuradores preocupados com a repercussão pública de suas ações e buscando maneiras de preservar a imagem da operação. A revelação dessas conversas pode ter sérias implicações não apenas para os envolvidos, mas também para a credibilidade e legitimidade da Lava Jato como um todo.


Enquanto isso, a J&F enfrenta um escrutínio renovado sobre suas práticas empresariais, com a multa bilionária servindo como um lembrete contundente das consequências de suas ações. O desenrolar dessa história promete continuar atraindo atenção e levantando questões sobre ética, justiça e transparência no sistema judicial brasileiro.


À medida que mais detalhes emergem e o escândalo se desenrola, resta saber quais serão as consequências para os envolvidos e como isso moldará o futuro da Lava Jato e suas investigações. Uma coisa é certa: as revelações recentes lançam uma sombra sobre uma das maiores operações anticorrupção da história do Brasil e levantam questões sobre a integridade do processo judicial.

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