Gilmar confessa “leitura política” contra prisão em segunda instância

Caio Tomahawk


Gilmar Mendes Confessa "Leitura Política" na Mudança de Posição sobre Prisão em Segunda Instância


Em uma entrevista divulgada pelo jornal Valor, o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), admitiu ter realizado uma "leitura política" que resultou em uma mudança em sua posição sobre a prisão após condenação em segunda instância. Essa alteração na jurisprudência do tribunal ocorreu durante o período em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava na prisão, levando à sua liberação antes da anulação de suas condenações na Operação Lava Jato pelo próprio STF.


Gilmar Mendes explicou que, historicamente, a jurisprudência do STF permitia a prisão após decisão de segunda instância. No entanto, com o passar do tempo, houve uma mudança de entendimento, especialmente após a Constituição de 1988, quando se passou a entender que o trânsito em julgado seria necessário para a prisão. Ele destacou que durante a Operação Lava Jato, em colaboração com o ministro Teori Zavascki, começou-se a revisar essa interpretação, possibilitando a antecipação da execução da pena. 


O ministro afirmou que, diante do contexto político da época, acabou realizando uma leitura política e decidiu mudar sua posição, anunciando na Turma que não seguiria mais a jurisprudência estabelecida e que alteraria sua posição quando o caso fosse levado ao plenário do STF.


Essa declaração de Gilmar Mendes gerou repercussão, com o antigo líder da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, questionando quantos outros casos o ministro julgou com base em leitura política, em vez de considerar a lei, os fatos e as provas.


Além disso, Dallagnol respondeu a acusações feitas por Gilmar Mendes sobre a fundação criada pela Lava Jato e supostos repasses não identificados de recursos. O procurador destacou que o acordo homologado pelo próprio STF definiu o destino dos recursos recuperados pela Operação Lava Jato: R$ 1 bilhão foi destinado à Amazônia e R$ 1,6 bilhão para a educação.


Essa troca de declarações evidencia as tensões entre os envolvidos na Operação Lava Jato e os ministros do STF, especialmente no que diz respeito às decisões judiciais e ao uso político do poder judiciário. O debate sobre a prisão em segunda instância e o papel do STF na interpretação da lei continua sendo um tema relevante no cenário jurídico e político do Brasil.

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